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Poeta Antônio Queiroz de França – Síntese biográfica

Cearense de Jaguaretama, Antônio Queiroz de França nasceu no dia 22 de junho de 1948. Esse cordelista, que fixou residência em Maracanaú (CE) em 1972, é membro da Sociedade dos Poetas e Escritores de Maracanaú (SOPOEMA), da Sociedade dos Amigos de Rodolfo Teófilo (SOCIARTE) e da Associação dos Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (AESTROFE) (A LITERATURA…, [20–]; FRANÇA, 2010c; O MANIFESTO…, 2011).

Antônio Queiroz produziu e adaptou clássicos da literatura mundial à linguagem cordelística, sendo um poeta popular premiado no I Concurso Paulista de Literatura de Cordel e classificado no II em 2003 (FRANÇA, 2010c; O MANIFESTO…, 2011).

Autodidata, publica cordéis de denúncia ao capitalismo e em favor da transformação social com produção poética de qualidade técnica, atendendo à métrica e à rima próprias do cordel, e embasado historicamente; por isso, reconhecido como “grande poeta que coloca sua arte a serviço do povo” (A LITERATURA …, [20–]). Outra característica é a ilustração como elemento inovador em sua produção literária popular em formato de cordel.

Assim versou o Manifesto Comunista (1847) de Karl Marxe Friedrich Engels, narrando a motivação do manifesto, historiando o socialismoe a luta dos trabalhadores. De acordo com Menezes (2015), o poeta afirmou:“Escrevi desta forma para facilitar a assimilação por quem é menos politizado”.

O manifesto comunista em versos
 
Pensadores, sociólogos,
Cientistas sociais
Preocupam-se com o Homem,
Esse “rei dos animais”,
Que cultiva o egoísmo.
Da ética, não lembra mais.
 
Devido à desigualdade,
Estudam a economia,
E chegam à conclusão
Que a poucos privilegia.
Sem o mínimo pra ter vida,
Sofre a grande maioria.
 
Fizeram a divisão,
Após “estudos profundos”:
“Primeiro mundo”, dos ricos;
“Terceiro”, dos moribundos.
Os pobres, escravizados
Por burgueses dos dois mundos.
 
Um grande gênio alemão,
E um outro camarada,
Prepararam uma tese,
Da humanidade estudada,
E descobriram a causa
Da fome verificada.
[...]

(FRANÇA, 2010, p. 11)

Em O beato Zé Lourenço e o massacre do Caldeirão, França (2011b) cumpre o que é próprio do cordel: perpetuar fatos e personagens históricos no imaginário popular.

INSISTO MAIS UMA VEZ
 
Em pedir que os leitores
Leiam a saga do povo
(Suas lutas, seus valores).
Apesar de sermos mais
Do que os nossos rivais,
Somos sempre perdedores.
 
Lembro o menino e o boi,
Cuja metáfora contém
A pura realidade:
Menino puxa, o boi vem!
Esse domínio acontece
Porque o boi não conhece
A enorme força que tem.
 
Outra vez uso a caneta
Para escrever sobre a pena
Que esse Estado, à revelia,
A todo o povo condena,
Assim age a autoridade:
Se quisermos liberdade
As armas entram em cena.
 
Assim foi lá em Canudos,
Desde a lusa invasão,
E no reino dos Palmares,
Balaiada, em Maranhão ...
Neste trabalho revivo
Parte de um triste arquivo
Da história do Caldeirão.
 
No Estado do Ceará,
Na cidade de Juazeiro,
Aonde vai romaria
Do Brasil e do estrangeiro,
Da Paraíba, um José,
Atraído pela fé,
Foi um famoso romeiro.
[...]

(FRANÇA, 2011b, p. 11-13)

Preocupação inerente dopoeta em divulgar grandes personagens, poetizou o pensamento do comandante daintegração latino-americana Ernesto Guevara de La Serna.

As aventuras do guerrilheiro Che Guevara 
 
Companheiros desejosos
De justiça social,
Quero lembrar nestes versos
Um alguém especial,
Que morreu pela defesa
Da divisão da riqueza
E da paz universal.
 
Preservando o ser humano,
Incutindo a consciência
De que por fraternidade
Reclama nossa existência,
Ou o homem muda a ideia,
Ou o fim dessa odisseia
Nega a nossa inteligência.
 
É causa de vida ou morte,
Além de ideologia,
Que nós lutemos por isso,
Pra mudar a economia,
Porque, na realidade,
Como anda a humanidade,
Do fim está perto o dia.
[...]

(FRANÇA, 2010a, p. 13)

FONTES CONSULTADAS

A LITERATURA de cordel de Antônio Queiroz de França a serviço da revolução. [S.l.: s.n]. In:Inverta. [20–]. Disponível em:<https://inverta.org/jornal/edicao-impressa/482/cultura/a-literatura-de-cordel-de-antonio-queiroz-de-franca-a-servico-da-revolucao>.Acesso em: 17 set. 2017.

FRANÇA, Antônio Queiroz de. A história da heroína Olga Benário: literatura de cordel. Brasília:Ensinamento, 2011a. 120 p.

FRANÇA,Antônio Queiroz de. As aventuras do guerrilheiro Che Guevara: literatura de cordel. Brasília:Ensinamento, 2010a. 120 p.

FRANÇA,Antônio Queiroz de. O beato Zé Lourenço e o massacre do Caldeirão. Brasília: Ensinamento, 2011b.108 p.

FRANÇA,Antônio Queiroz de. O cavaleiro da esperança e a coluna Prestes. Brasília: Ensinamento, 2011c. 119 p.

FRANÇA,Antonio Queiroz de. Os três anciãos: literatura de cordel. Brasília: Ensinamento, 2010b. 84 p.

FRANÇA,Antônio Queiroz de; GERALDINO, Rômulo (Il.). O manifesto comunista em versos.Brasília : Ensinamento, 2010c. 83 p.

MENEZES, Cynara. O manifesto comunista em cordel. [S.l. : s.n.]. In: Socialista morena. 9 jun. 2015.Disponível em: <http://www.socialistamorena.com.br/o-manifesto-comunista-em-cordel>.Acesso em: 17 set. 2017.

O MANIFESTO comunista em cordel. In: Plaggiado.26 fev. 2011. Disponível em:<http://plaggiado.blogspot.com.br/2011/02/o-manifesto-comunista-em-cordel.html>.Acesso em: 17 set. 2017.

Poeta Antônio Eugênio da Silva – Síntese biográfica

O cantador e cordelista do brejo paraibano Antônio Eugênio da Silva nasceu em 1907. Não se sabe ao certo em que localidade, podendo ter sido em Chã de Campestre, Areia, ou em Esperança. Morou em Solânea (PB), remota Chã do Moreno. (ANTÔNIO …, 2008).

De suas produçõespoéticas reproduzimos os versos cordelísticos conhecido em todo o Brasil:

Valdemar e Irene 
 
Vou contar uma história
d’uam moça e um rapaz,
um caso recente que
deu-se em minas gerais.
O leitos preste atenção
amor falso o que é que faz.
 
Sempre é triste o resultado
da moça que ama dois,
porém deixando o primeiro
pode amar outro depois.
A que fizer coleção
essa a muito se dispôs.
 
Me refiro a um rapaz
que fez uma ação grosseira,
o qual moço se chamava
Valdemar Melo Moreira.
Foi isso em Juiz de Fora,
uma cidade mineira.
 
Valdemar desde criança
era ativo e inteligente,
seu pai era um alfaiate,
um pobre, porém decente,
botou Valdemar na escola,
ele aprendeu de repente.
 
Tinha força de vontade
estudava noite e dia
e logo tirou concurso
sendo em datilografia,
faltou pouco para ele
formar-se em engenharia.
 
Porém, por sua desdita
o seu pai adoeceu,
ele saiu do colégio
não findou o estudo seu.
O pai gastou o que tinha
com três semanas morreu.
[…]

Moreira (2015) explicaque é a musicalidade e metrificação do verso que criam expectativas danarrativa cordelística, o que emociona o leitor e demonstra esta carga emotivapor meio do cordel O Cavaleiro Roldão,de Antônio Eugênio da Silva:

- Em nome de Deus rogamos
a vossa real majestade
pela paz e a virtude
peço-vos por caridade
pra perdoar um agravo
de responsabilidade.
 
Com estas prerrogativas
o rei ficou comovido
disse: levantem e declarem
que será tudo atendido
dou-vos a palavra de honra
de fazer qualquer pedido:
 
- Senhor, vimos vossa irmã
em triste situação
mora ali numa caverna
há anos morreu Milão
é mãe daquele menino
o qual chama-se Roldão.
 
O rei quis arrepender-se
porém tinha garantido
mandou buscar a irmã
e o sobrinho destemido
embora ela não fosse
o que dantes tinha sido.
 
Nos pés do Imperador
ficou ela ajoelhada
pediu perdão ao irmão
da sua culpa passada
disse-lhe o Imperador
tu já estas perdoada.

FONTES CONSULTADAS

ANTONIO Eugênio da Silva. In: SILVA, Gonçalo Ferreira da (Org.). 100 cordéis históricos segundo a Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Mossoró: Queima-bucha, 2008.  p. 323-327.

MOREIRA,Alam Félix dos Santos. O Universo-cordel versando sobre o verso. In: MOSTRA DEINICIAÇÃO CIENTÍFICA, 4., 2015, Guanabi/Bahia. Anais … Guanabi: IFBaiano. Disponível em: <https://www.micifbaiano2015.com/anais/artigo/85>.  Acesso em: 12 set. 2017.

SILVA, Antonio Eugênio da. Valdemar e Irene. [S.l. : s.n.], [s.d.].

Poeta Antônio Batista Vieira – Síntese biográfica

Em Literatura popular em verso, publicado em 1986, encontramos a informação de que Antônio Batista Vieira, cearense, residiu na cidade de Juazeiro do Norte. O poeta costumava andar nas feiras livres do sertão nordestino onde armava seu serviço de alto-falantes para cantar seus versos e vender seus folhetos.

Costa (1998), em Presença de Frei Damião na literatura decordel, afirma que o poeta popular era mais conhecido como Antônio Batista.

FONTES CONSULTADAS

COSTA, Gutenberg. Presença de Frei Damião na literatura de cordel. Brasília: Thesaurus, 1998. Antologia.

LITERATURApopular em verso: antologia. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed.Universidade de São Paulo; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986. (Coleção reconquiste o Brasil. Nova série; v. 95).

Poetisa Antônia Albuquerque – Síntese biográfica

Cordelista paraibana, Antônia Albuquerque é natural de Araçagi (PB). Poetisa de alma nordestina e artista das letras que ama ler e escrever, habilidade desenvolvida pelas leituras que permitem viagens por meio dos sonhos e da imaginação (ALBUQUERQUE, [2013?]).

Casada, mãe de três filhas, descendente de agricultores, frequentemente retorna às raízes por considerar essencial voltar de onde começou, reviver o seio e o ambiente familiares, checar memórias, marcar encontro consigo mesma. Passeio de volta de quem deixou a cidade natal para residir em outro Estado, Rio de Janeiro. O que pensa do itinerário ao passado? “Para mim são os dias mais felizes da vida, por estar tão pertinho das pessoas que me fazem tão bem.” (ALBUQUERQUE, [2013?]).

Seo gosto musical diz muito da pessoa, podemos afirmar que Antônia é romântica,pois gosta de músicas com letras que falem de amor. Tudo o que é natural aemociona, por isso adora passear e curtir a natureza, “[…] ir à praia à noite,ver a lua, as estrelas. Sou totalmente apaixonada por esse lazer, me transmitepaz, me traz inspiração, acalma a alma, acalenta meu coração” (ALBUQUERQUE,[2013?]).Seu cordel Alma nordestina resulta do amor àsorigens e ressignifica memórias, matéria-prima da sua identidade.

Alma nordestina
 
Para iniciar, sou cabra da peste
Que só quer um dedo de prosa,
Que falará de uma nação valente
Que encontrei em meu nordeste
Terra amada,sofrida e formosa
Com muitos talentos e brava gente ...
 
Terra de gibão e chapéu de couro,
Peixeira, jerimum e vaquejada,
Carne de sol,buchada e pamonha,
Mas que sempre supriu de ouro
O resto do Brasil,terra tão amada,
sem jamais semostrar tristonha.
 
Manteiga de garrafa, frango a cabidela,
Sarapatel, milho cozido e cocada,
Pé de moleque, cuscuz e arroz doce,
Compõem a festa junina quando amarela
A vegetação desta terra tão amada,
Água dividida por eles como se de todos fosse.
 
Que se esquece desta vida injusta e ferina,
Cumprindo as tradições de seus ancestrais,
Se lança homenagear todos os santos,
Vestindo-se de laços e fitas para as festas juninas,
Esquecendo-se de suas lamúrias e de seus ais,
Bailando felizes por todos os recantos ...
 
Como olvidar da buchada de bode, da macaxeira,
Da paçoca de carne,do queijo e do baião de dois,
Do beiju e da tapioca que hoje integram o país,
Lembrando que somos brasileiros sem fronteiras,
Todos à espera do amanhã que virá depois,
Provando que brotamos de uma única raiz.
 
Sua história a todos em muito encanta
Em cada canto,quando lhe cantam
No peito de cada singela, como esta, criação
Quando borbulha em minhas veias a admiração
Por suas terras,mesmo secas e rachadas,
Mas cheias de esperança dessa gente arretada.
 
Hoje, comigo,carrego no fundo de meu peito,
Por ela, tão boas e saudosas lembranças
Deste mundo encantado, repleto de poesia,
Vivido ao seu lado e com profundo respeito,
Canto as aventuras vividas em criança,
Registrando em versos esta singela alegria.
 
Tenho alma nordestina, também sou cabra da peste,
Filha de agricultores que lavraram a terra
E mesmo morando distante, em outro estado,
Cultivo minha raiz com brio e tenho amado
Este meu recanto eque ninguém conteste,
Tenho imenso orgulho de ser do nordeste.
 
(Antônia Albuquerque, 2015)

FONTES CONSULTADAS

ALBUQUERQUE,Antonia. Alma nordestina. [S. l. : s. n.]. In: Recantos das letras. 10 out. 2015. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/cordel>.Acesso em: 10 ago. 2017.

ALBUQUERQUE,Antonia. Perfil. [S.l. : s.n.] In: Recantodas letras. [2013?]. Disponível em:<http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 10ago. 2017.

Poetisa Anna Célia Motta – Síntese biográfica

Anna Célia Motta é professora de literatura e línguas em São Paulo e se autointitula “paulistana de mineirices” por ser contadora de “causos”. Por meio de histórias, ela nos convida a entrar no seu mundo encantado, amante do cotidiano, da vida rica em detalhes e sabedoria. Desfruta da família, dos alunos e das coisas belas da vida, como Monet e boas leituras (MOTTA, [2012?]).

Seos “causos” dão asas à alma, sua linguagem poética de classe temática religiosanos faz “cirandar”.

Ciranda do diabo
 
Deus nos deu a vida.
Mas o diabo veio atrás.
E nos deu a dura lida.
Então na pressa,
Nem percebemos e
A trocamos,
pelas filas,
pela moeda bandida,
e
Viramos vítimas
dos assaltos,
da violência,
do desafeto,
e desamor,
do incesto
e pedofilia,
das injúrias,
do destemor,
das celas encardidas,
do cansaço,
e da preguiça,
da sede
e fome,
da distração,
do sossego,
da descrença,
da solidão,
da impaciência
e revolta,
da cegueira,
da vaidade,
do descaso,
do egoísmo,
do superego,
dos excessos
de um lado,
da escassez
do outro,
da falta de boa vontade,
pela morte do amor.
Para a alegria do capeta
que sentado está.
Esperando que o povo todo
Logo venha a se lascar.
E ele esperto e enganador,
Os cacos venha apanhar.
Mas o caboclo
muito astuto,
A solução foi procurar.
Na luz divina
que a todos pode salvar.
 
(MOTTA, 2015)

FONTES CONSULTADAS

MOTTA, Anna Célia. Perfil. [S.l. : s.n.]. In: Recantodas letras. [2012?]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2017.

MOTTA, Anna Célia. Ciranda do diabo. [S.l. : s.n.]. In: Recanto das letras. 28 mar. 2015. Disponível em:<http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 8 ago.2017.

Poeta Andrelino da Silva – Síntese biográfica

Andrelino da Silva, mais conhecido como Lino Sapo, é filho de José Anderson da Silva e Damiana Lúcia da Silva. Nasceu em Riachuelo no estado do Rio Grande do Norte, no sexto dia do primeiro mês do ano de 1981. Casado com Larissa Melo, escreveu o primeiro cordel em 2008, produção intitulada Melhor um Roçado do que Casar com Mulher Feia (FORMULÁRIO, 2016).

O poeta aponta como fontes inspiradoras a vida ea sua região. Poeticamente, autobiografa-se em Lino por Lino: o poeta em poesia (SAPO, 2016).

Desculpe-me meu povo
esse jeito de eu falar
Sou matuto do sertão
Num sei me apronunciar
Perdoem a simplicidade
A vida de humildade
Que vou agora apresentar
 
Nasci na Cachoeira do Sapo
La nas brenhas do sertão
Num grupo abandonado
A qual tenho gratidão
Por abrigar minha família
Retirantes durante o dia
Em busca de teto e pão
 
Lá o meu primeiro lar
Após longa caminhada
Uma família formada
Nas ruínas da morada
Pai, mãe e minha irmã
Eu nasci quase manhã
Sob o canto da passarada
 
Era uma terrinha nova
Abraçando os retirantes
Que há tempo buscava
Um lar aconchegante
Essa sem porta e janela
Sem tranca nem tramela
Já nos servia bastante
[...]

FONTES CONSULTADAS

SILVA, Andrelino da. Formuláriorespondido online no blog Memórias daPoesia Popular em 20/06/2016. Disponível em: <https://memoriasdapoesiapopular.com.br>.

SAPO, Lino. Cordel da felicidade. In: RECANTO das letras. [S.l. : s.n.], 28nov. 2013. Disponível em:<http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 15 maio2017.

Poetisa Ana Maria de Santana – Síntese biográfica

Cordelista de Alagoinhas (BA), Ana Maria de Santana nasceu na véspera do Natal, 24 de dezembro, do ano de 1924, na fazenda Ladeira (SANTANA, 1982). Foi professora primária municipal na cidade de Salvador, onde residia, no bairro Sete de Abril, na Rua Santo André, 247 (SANTANA, 1982).

Além do oficio de professora, a poeta encontrou nas letras seu oficio literário, como revela um de seus cordéis de 8 páginas, 32 estrofes, sextilhas de 7 sílabas, intitulado:

História de Lucas da Feira
 
Apreciem meus leitores
O que agora vou narrar
É sobre Lucas da Feira
De quem sempre ouvi falar
Nas ruas de Alagoinhas,
P'ra "seu qualquer" decorar.
 
O Lucas de quem lhes falo
É de "Saco de Limão"
Sítio em Feira de Santana
Princesa por tradição
Onde uma grande balança
Pesa gado, de porção.
 
Um amigo que eu tinha
Era um guarda tarimbado
Nascido em Santo Amaro
Capoeirista afamado
Estes folhetos antigos
Decorava, a seu agrado.
 
E eu, que desde criança
Sempre achei engraçado
Ia ouvindo e gravando
Sem nada ser consultado
E continuo escrevendo
Estou cumprindo o meu fado.
 
(SANTANA, 1982, p. 1)

FONTES CONSULTADAS

SANTANA, Ana Maria de. Visite a Bahia. Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1981.

SANTANA, Ana Maria de. História de Lucas na feira. Salvador: [S.n.], 1982.

Poeta Amaral Américo de Araújo – Síntese biográfica

Poeta barrense, nascido na mesorregião do Sul Cearense (Barros) no vigésimo primeiro dia de novembro de 1972, Amaral Américo de Araújo escreveu seu primeiro cordel ainda jovem, aos 17 anos, intitulado Feira Filosófica (1989) (FORMULÁRIO, 2017).

Mestre Américo, como é mais conhecido, é filhode Severino Américo de Araújo e Joana da Graça Américo. O poeta afirma que suaverve poética foi inspirada por grandes artistas, como Federico Garcia Lorca,Gilberto Gil, Ivanildo Vila Nova, Jackson do Pandeiro, João Cabral de MeloNeto, Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré, como por familiares e toda a nossagente, do misticismo popular, como das “rezadeiras, lavadeiras, romeiros,cantadores de feira, livros de filosofia e programas de rádio” (FORMULÁRIO,2017).

FONTES CONSULTADAS

ARAÚJO, Amaral Américo de. Formulário respondido onlineno blog Memórias da Poesia Popular em 15/04/2017. Disponível em: <https://memoriasdapoesiapopular.com.br>.

Poeta Alberto Lima – Síntese biográfica

Capricorniano nascido em 27 de dezembro de 1980, o atuante cordelista baiano Alberto Lima apresenta sua arte em transportes e praças públicas, em instituições de educação, além de participar de diversos eventos que fomentam a literatura de cordel e sua produção. Quer sejam em encontros, conferências, seminários, mostras ou oficinas realizadas em diversas regiões brasileiras, ele percorreu os estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Bahia (Nordeste), Rio Grande Sul (Sul) e Minas Gerais e São Paulo (Sudoeste) compartilhando técnicas da arte popular da literatura de cordel (LIMA, 2010a; 2010b).

Prova viva de sua ativa atuação cultural são as suas participações nas bienais do livro baianas, precisamente nas 9ª, 10ª e 11ª Bienal do Livro da Bahia (2009, 2011 e 2013) ministrando exposição, apresentações e palestras sobre cordel (OS MELHORES …, 2013).

Durante a 11ª Bienal do Livro na Bahia, o Espaço do Cordel foi uma das maiores atrações.  Vinte e dois poetas compuseram a programação oficial de arte viva realizando performance na  Praça de Poesia e Cordel, cuja abertura do dia 22 de novembro foi de Alberto Lima, “bradando títulos, versos e soprando uma flauta transversal que deu um novo toque aos recitais e shows seguintes” (OS MELHORES …, 2013).

Nas apresentações ministradas em instituições de ensino superior, passou na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Universidade Católica do Salvador (UCSal), Universidade Salvador (UNIFACS), Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Faculdade Castro Alves, Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Fundação Pedro Calmon (LIMA, 2015).

Em 2009, ministrou oficina de produção literária na Biblioteca Central dos Barris (Salvador/BA), no projeto “Bibliotecas Abertas aos Domingos”. No ano seguinte, ministrou a mesma oficina na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) na I Mostra Integrada de Saúde da Família e Vigilância à Saúde (LIMA, 2015).

Durante a VIII Conferência Estadual de Saúde da Bahia (2011), Alberto Lima apresentou o Cordel da Primavera da Saúde, produzido pelos militantes da #PrimaveradaSaúde, movimento de “luta por uma regulamentação da Emenda Constitucional 29 que efetivamente aumente o investimento do Estado Brasileiro no sistema público de saúde” (AS FLORES …, 2011).

Nos encontros de educação popular em saúde, o cordelista Alberto Lima promove cuidados e formas de levar informação por meio do cordel, assim também difunde a poesia popular (LIMA, 2014).

FONTES CONSULTADAS

LIMA, Alberto. A morte do jumento querido. [S.l.], [s.n.], 2010. Disponível em: <http://poetaalbertolima.blogspot.com>. Acesso em: 10 dez. 2015.

LIMA, Alberto.  ABC do ladrão/terrorista.[S.l.], [s.n.], 2010. Disponível em: <http://poetaalbertolima.blogspot.com>. Acessoem: 10 dez. 2015.

ASFLORES da Bahia se somam à #PrimaveradaSaúde. In: CONASEMS. [S.l. :s.n.], 15 set. 2011. Disponível em:<http://www.conasems.org.br/as-flores-da-bahia-se-somam-a-primaveradasaude>.Acesso em: 17 abr. 2017.

LIMA, Alberto. Agenda do poeta Alberto Lima. In: Poeta Alberto Lima: blogspot. [S.l. : s.n.], 5 dez. 2010. Disponível em:<http://poetaalbertolima.blogspot.com>. Acesso em: 14 abr.2017.

LIMA, Alberto. Blog do poeta. In: PoetaAlberto Lima. [S.l. : s.n.], 21 março 2015. Disponível em:<http://poetaalbertolima.blogspot.com>.Acesso em: 14 abr. 2017.

LIMA, Alberto. Cordéis do Poeta Alberto Lima e downloads. In: Poeta Alberto Lima: blogspot. [S.l. : s.n.], 15 nov. 2010.Disponível em:<http://poetaalbertolima.blogspot.com>. Acessoem: 14 abr. 2017.

LIMA, Alberto. Educação popular em saúde, emseu encontro internacional.. In: Poeta Alberto Lima: blogspot. [S.l. :s.n.], 31 jul. 2014. Disponível em:<http://poetaalbertolima.blogspot.com>. Acesso em: 17 abr. 2017.

OS MELHORES momentos da XI Bienal do Livro da Bahia 2013. In: Oficina de cordel. 25 nov. 2013. Disponível em:<http://oficinadecordel.blogspot.com.br>. Acessoem: 15 abr. 2017.

Poeta Adolfo Mariano de Jesus – Síntese biográfica

Filho dos mineiros Francisco Mariano de Jesus e Maria Antônia de Oliveira, Adolfo Mariano de Jesus também nasceu em solo mineiro na cidade de Patrocínio, no dia 20 de fevereiro de 1895 e teve quatro irmãos: Bernardino Mariano de Oliveira, Maria Delfina Guimarães, João Mariano de Oliveira e João Francisco Guimarães (ADOLFO …, 2003; O POETA …, 2009).

Em 1897, quando Adolfo tinha apenas dois anos de idade seus pais radicaram-se na terra das congadas, Catalão – GO, precisamente na fazenda do Pari, hoje pertencente à Goiandira e nesta cidade pode-se dizer que teve sua formação sociocultural. Homem múltiplo, Adolfo Mariano foi “administrador, ativista, conferencista, contista, cordelista, cronista, educador, ensaísta, escritor, fazendeiro, ficcionista, intelectual, literato, memorialista, orador, pensador, pesquisador, poeta e produtor cultural.” (ADOLFO …, 2003; O POETA …, 2009).

Viveu na fazenda Chapéu, também em Goiandira, casado com Tereza Francisca de Rezende e teve onze filhos: Jesus, Maria, Tércio, Gerson, Laerte, Lecita, Terezinha, Divino, Linea Mariano de Rezende, Jair e Dileno. Faleceu aos 86 anos de idade, no dia 10 de janeiro de 1982, na cidade de Goiânia, em consequência de uma pneumonia (O POETA …, 2009).

Mário Ribeiro Martins biografou Adolfo Mariano de Jesus no Dicionário Biobibliográfico de Goiás (1999), além de focalizá-lo em outras produções Estudos Literários de Autores Goianos e Escritores de Goiás (ADOLFO …, 2003).

No site Usina das Letras ainda encontramos a informação de que Adolfo Mariano de Jesus foi membro da União Brasileira de Escritores de Goiás, da Associação Brasileira de Cordelistas, além de estar presente na Estante do Escritor Goiano, do Serviço Social do Comércio (Sesc), e autor de múltiplos textos de estudos folclóricos (ADOLFO …, 2003).

Passou a publicar aos 30 anos, em 1925, no jornal Novo Horizonte de Catalão, porém começou a escrever seus versos cedo, após uma instrução rudimentar que recebeu por um curto período de 11 meses, do mestre João Barbosa de Melo, quando ainda morava na fazenda dos pais. Ainda jovem também aprendeu a tocar viola e sanfona (O POETA …, 2009).

Moreira (2012) conta que ofolclorista paulista José A. Teixeira estudou o folclore goiano, em 1938, vindoa publicar o livro Folclore Goiano(1940), com segunda edição após 18 anos, precisamente em 1958, ambas pela Cia.Editora Nacional. Eis o que nos falou Teixeira (1938) apud Moreira (2012):

Este homem sertanejo, cuja fama, apesar da sua modéstia, corria sertão afora; durante sua vida escreveu versos sonoros para a memória popular, dentre estes sobressaem os referentes à coluna Prestes e à revolução de 1930; sua moda fornece dados históricos e reacionais da população sertaneja, ante estes dois acontecimentos; além deste particular enfoque, sua poesia registrou, também, os velhos processos políticos e eleitorais da época ena região onde morava, quando imperavam a fraude e a violência.

Adolfo Mariano de Jesus, tambémconhecido como Adolfo Mariano de Goiandira, escreveu poemas como: ABC da Revolução – coluna Prestes(ADOLFO …, 2003; MOREIRA, 2012; O POETA …, 2009; PETROF, 2015).

ABC da Revolução

Amigu leia estis versu
I presti bem atenção,
Neli queru dar us dadu
Da ultima revolução,
Desde u Piris du Riu             
Até u velhu Catalão.
 
Coluna Siquera Campus
Chegandu naqueli pontu,
Feislogu requisição
Pidinducincuentacontu;
Numa ocasião de crisi
Achou todu mundu prontu.
 
Demoraram alguns minutu
I começô a malvadeza,
U Siquêr aautorizô
Qui ali fizesse limpeza,
Saquiasse o dinhêro
U restu desse à pobreza.
 
ZoroastrudiArtiaga
Logutirô uma linha
Fugiu levandu a mudança
Puxada numa carrocinha
I pidindu aos que ficassi
Ninguem dê nuticias minha..

Teixeira (1938) apud Moreira (2012) assim delineia opoeta: “homem de meia estatura, moreno, magro, pais mineiros, lê e escreve;sempre com sua viola, toda enfeitada de fitas”.

FONTES CONSULTADAS

ADOLFOMariano de Jesus. In: USINA das letras. [S.l. : s.n.], 2003. Disponível em:<http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=3741&cat=Ensaios>.Acesso em: 2 mar. 2017.

MOREIRA, Hélio. Folclore goiano. In: MINHAS crônicas. [S.l. : s.n.], 2012. Disponívelem: <http://minhcronicas.blogspot.com.br/2012/04/folclore-goiano.html>.Acesso em: 3 mar. 2017.

O POETA Nato: Adolfo Mariano. In: Blog o poeta nato: Adolfo Mariano. [S.l. : s.n.],[2009].  Disponível em:<http://fund.adolfomariano.blog.uol.com.br>.Acesso em: 3 mar. 2017.

PETROF,Daiana. A revolução de 1930 e o folclore goiano. Diário da manhã, [S.l.], 30 jun. 2015. Disponívelem:<https://www.dm.com.br/opiniao/2015/06/a-revolucao-de-1930-e-o-folclore-goiano.html>.Acesso em: 3 mar. 2017.