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Poeta Tiago Monteiro Pereira – Síntese biográfica

O filho de Francisco José Pereira e Maria Djanete Monteiro Pereira, o poeta popular Tiago Monteiro Pereira nasceu na cidade de Pocinhos no estado da Paraíba, em 25 de janeiro de 1984 e casou com Mellina Miranda de Brito Silva Pereira (MONTEIRO, [2017d]).

O cordelista, declamador e compositor Tiago Monteiro é membro da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB) onde ocupa a cadeira 39, que tem como patrono o pernambucano João José da Silva. Em seu blog, Tiago se apresenta como apaixonado pela literatura (MONTEIRO, 2017c; [2017d]).

Este poeta pocinhense lançou Obras de Misericórdia em Versos de Cordel e O Futuro a Deus Pertence, no evento da posse na ACVPB, realizado no Espeço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa (PB) no dia 24 janeiro de 2017 (MONTEIRO, 2017c).

Teve o poema Lição para a Vida selecionado no Poetize 2017 – Concurso Nacional de Novos Poetas (Ed. Vivara), que passou a fazer parte do livro Prêmio Poetize 2017: Antologia Poética, lançado no mês subsequente à sua posse na ACVPB. Tiago também foi selecionado em outro concurso da mesma editora, o Poesia Livre 2017 com o poema Sobre Saudade (MONTEIRO, 2017a; 2017b; 2017c).

LIÇÃO PARA A VIDA
 
Quem tem o seu almoço e sua janta
Tem riqueza e às vezes não percebe
Não se atenta às bênçãos que recebe
Uma reza não sai de sua garganta
Quando tá na igreja quer ser santa
Mas esquece o irmão que passa fome
O orgulho egoísta lhe consome
Como se nunca fosse padecer
Sua carne a terra vai comer
E a riqueza que fica o povo come.
(MONTEIRO, 2017a)
 
 
SOBRE SAUDADE
 
Não há saudade maior
Do que um amor ausente
Dilacera nosso peito
Deixa o coração doente
A saudade é tão ingrata
Que quando a gente não mata
Ela vem e mata a gente.
 
[…]
 
Oh, saudade traiçoeira
Que vive me machucando
Dê um tempo ao meu peito
Venha só de vez em quando
Deixe-me ter alegria
Você vindo todo dia
Vai acabar me matando.
 (MONTEIRO, 2017)

Inspirado no poeta José Lorentino da Silva, de Puxinanã (PB), Tiago Monteiro escreveu seu primeiro cordel aos 20 anos (2004) – O Dia em que o Diabo Visitou Pocinhos. Autor de outros cordéis, como Minha Jumenta Filó, Cordel da Despedida e Coleta Seletiva. Do literato que também desempenha o papel de agente cultural, idealizou o Festival de Poesia de Pocinhos (PB) – Recita Pocinhos.  Encontramos seu poema popular O Velho no Cabaré, disponível no Recanto das Letras.

O VELHO NO CABARÉ
 
O que diabo vai fazer
Um velho num cabaré?
Com a ferramenta murcha,
Que não para mais em pé.
De certo vai tomar uma
Ou dar dinheiro a mulher.
 
Digo isso de certeza,
Pois já pude comprovar.
Eu conheci um senhor
Que costuma frequentar
Essas casas de orgia
Que tem em todo lugar.
 
Ele disse que um dia
Recebeu seu ordenado,
Correu lá pra tia Dora,
Lá pra banda do mercado,
Dar uma de gostosão,
Pois estava estribado.
 
Saiu emperiquitado
E entrou no tal cabaré,
Veio bem cinquenta moça
Atender a seu José
Achando que ele era rico,
Tu sabe como é que é.
 
E ele pra fazer média,
Pediu logo uma mesa,
Perguntou: “O que se come,
E o que tem pra sobremesa?”
A dona disse: “Escolha!
Tem Ana, Têca ou Tereza".
 
Ana só tinha uma perna,
Ia por trinta reais,
Têca fazia por vinte,
Mas parecia o Satanás,
Boa só tinha Tereza,
Mas era cara demais.
 
Ele nem tava ligando,
Ia mesmo com Tereza,
Pois a bicha era boa
E o corpo uma beleza,
Cobrou trezentos reais
E disse o preço com firmeza.
 
O velho se acuou,
Pediu logo um guaraná,
Passou um tempo pensando
Se o dinheiro ia dar,
Fez as contas com a cabeça
E resolveu aceitar.
 
Então foram para o quarto
Praticar o combinado,
Tereza tirou a roupa,
O velho ficou pelado
Era "mêi" mundo de beijo
E abraço pra todo lado.
 
Ele fez de tudo um pouco,
Mas o principal não fez,
Pois na hora da entrada
A dureza se desfez
E ele todo envergonhado
Disse: “deixa pra outra vez.”.
 
Ela disse: “meu gatinho,
Tem um jeito que resolve,
Você fica deitadinho,
Bem parado e não se move
Que você vai conhecer
O famoso meia-nove.”
 
“Que diabo de meia-nove?”
Disse José, espantado.
Ela disse: “Tenha calma,
Pode ficar sossegado,
Vá deitando, me espere
E fique bem relaxado”.
 
Então o "véi" curioso
Para saber como é,
Foi fazer o meia-nove,
Famoso "cabeça e pé",
A nega soltou um peido
Na cara de seu José.
 
Ele disse: “Infeliz,
Fizeste eu tirar meu terno
Pra peidar na minha cara,
Quenga do pior inverno?
Os outros sessenta e oito
Vá soltar lá no inferno.
 
Depois desse acontecido
Com o velho seu José,
Ele fez uma promessa,
Enquanto vida tiver
Não gasta real com quenga,
Nem pisa num cabaré.
(MONTEIRO, 2016)

FONTES CONSULTADAS

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO online no blog Memórias da Poesia Popular em 15 de abril de 2017. Disponível em: <https://memoriasdapoesiapopular.com.br/.

MONTEIRO, Tiago. Lição para a vida. In: Tiago Monteiro: poeta cordelista e declamador. [S.l. : s.n.]. 19 jan. 2017a. Disponível em: <http://www.poetatiagomonteiro.com/2017/01/licao-para-vida.html&gt;. Acesso em: 23 jul. 2017.

MONTEIRO, Tiago. Poeta pocinhense ganha seu segundo prêmio nacional de poesia. In: Blog Poeta Tiago Monteiro. [s.l. : s.n.]. 1 abr. 2017b. Disponível em: <http://www.poetatiagomonteiro.com/2017/04/poeta-pocinhense-ganha-seu-segundo.html&gt;. Acesso em: 23 jul. 2017.

MONTEIRO, Tiago. Poeta pocinhense toma posse na Academia de Cordel do Vale do Paraíba. In: Tiago Monteiro: poeta cordelista e declamador. [S.l.: s.n.]. 26 jan. 2017c. Disponível em: <http://www.poetatiagomonteiro.com/2017/01/o-poeta-pocinhense-tiago-monteiro-tomou.html&gt;. Acesso em: 23 jul. 2017.

MONTEIRO, Tiago. Tiago Monteiro – poeta cordelista e declamador. In: Blog Poeta Tiago Monteiro. [s.l.: s.n.]. [2017d]. Disponível em: <http://www.poetatiagomonteiro.com/&gt;. Acesso em: 23 jul. 2017.

MONTEIRO, Tiago. O VELHO NO CABARÉ. In: RECANTO das letras. [S.l.: s.n.], 22 out. 2016. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/cordel/5799493&gt;. Acesso em: 24 jul. 2017.

Poeta Teófilo de Azevedo Filho – Síntese biográfica

Teófilo de Azevedo Filho é natural do Vale do Jequitinhonha, precisamente de Alto Belo, distrito de Bocaiúva (MG). Téo Azevedo, como é mais conhecido, nasceu no dia 2 de julho de 1943 (AZEVEDO, [19–]).

O editor do folheto Corinthians: o maior fenômeno do mundo ([19–]), ao biografar Téo Azevedo afirma que o poeta nasceu em Pires e Albuquerque (MG) que é o antigo nome do distrito de Alto Belo. Ao exaltar as qualidades de Téo, lembra: “ […] Descendente de uma família de músicos, poetas populares e escritores. Foi tricampeão mineiro de boxe, melhor compositor mineiro de 1968 e vencedor de vários festivais de nossa música popular. Folclorista nato e por amor às coisas folclóricas de sua região” (AZEVEDO FILHO, [19–]).

Artista múltiplo, o cordelista Téo Azevedo é reconhecidamente um grande compositor, cantor, declamador, escritor, folclorista, lutador de boxe, músico, produtor fonográfico, radialista, repentista e violeiro (AZEVEDO, [19–]; AZEVEDO FILHO, [19–]; TÉO …, [21–]).

Em seus versos autobiográficos, rimou:

Meu nome é Téo Azevedo
Meu repente é garboso
O causo que vou contar
Me deixa muito orgulhoso
Começou em Portugal
Lá em Póvoa de Lanhoso
 
Eu já gravei tanto disco
Fiz tanta composição
Sete livros editados
Mil cordéis no meu sertão
Mas, hoje essa história
Comoveu meu coração
(AZEVEDO, 2003, contracapa)

Natural da região da confluência dos rios Jequitinhonha e afluentes do rio São Francisco, Téo Azevedo apresenta o rio em seus versos. Poeta compositor que procura exaltar a cultura ribeirinha, cultura popular e preservação do rio São Francisco, paixões de Téo presentes não só em composições, como Velho Chico e Rio que Sente Sede, como no cordel O Barqueiro do Rio São Francisco:

Meus amigos vou contar
Uma história de arrepiar
Vou falar a verdade
Sem nenhuma falsidade
No Rio São Francisco
Gravado até em disco
Pirapora é a cidade
 
Lá tinha um canoeiro
Que era um bom mineiro
Vivia da sua pescaria
Não gostava de encrizia
Veja só e seu destino
Lhe aprontou um desatino
Veja só a covardia
 
Todo dia, bem cedinho
Saia bem de mansinho
Pegava a sua canoa
Com chuva ou com garôa
Partia com imensa fé
Depois de tomar um café
Prá uma pescaria boa
 
Descia o rio, remando
Uma Sétima, entoando
Levava espigas de milho
Escopeta bom gatilho
Pescando para comer
Veja o que foi acontecer
Te faz sair fora do trilho
 
Quando o sol ia se mandando
Êle já vinha chegando
Veja o susto, que horror
Na choupana, o seu amor
Estendida alí no chão
Êle chorou de paixão
Sofrendo uma grande dor.
 
[...]
(AZEVEDO FILHO, [19--])

Pai de Lancaster, Leandro e Aparecida, Téo é filho do violeiro legendário Teófilo Izidoro de Azevedo, conhecido como “Seu Tiófo” e Clemência Cristina de Azevedo (Dona Quelé), que também nasceram no Vale do Jequitinhonha, nos municípios de Carbonita e Terra Branca, respectivamente.  Família simples, portadores de dom musical, com cinco gerações de músicos (AZEVEDO, [19–]).

Em 1950, seu Tiófo decidiu mudar-se com a família para o interior de São Paulo, mas no mesmo ano foi acometido de febre tifoide e faleceu, razão do regresso da família para Alto Belo, onde passaram por dificuldades e tentaram se estabelecer em Bocaiúva, terminando por residir na cidade mineira de Montes Claros (AZEVEDO, [19–]; TÉO …, [21–]).

Para auxiliar Dona Quelé no sustento da família de sete filhos, com apenas 8 anos, Téo era engraxate, carregador de malas e vendedor de frutas. Dos 9 aos 14 anos, trabalhou abrindo rodas de cantoria com o pernambucano Antônio Salvino, percorrendo o norte de Minas e o sertão baiano. A parceria surgiu quando Antônio Salvino viu Téo, na praça do antigo mercado de Montes Claros, convidando, por meio do repente em calango, seus clientes para engraxarem os sapatos. Téo desenvolveu seu dom de poeta cantador nos cinco anos de parceria com Salvino, que só foi encerrada porque este último ficou impossibilitado em razão de um acidente que sofreram quando iam de carona, na carroceria de um caminhão, em São Gonçalo dos Campos (BA) (AZEVEDO, [19–]; TÉO …, [21–]).

Devido a todas essas dificuldades, cursou apenas o primeiro ano do curso primário, mas escrevia seus cordéis. Por dois anos, Téo sobreviveu como repentista em feiras vendendo cordéis de sua autoria e de outros poetas. Depois seguiu para Belo Horizonte (MG), onde foi preso por vadiagem por tentar sobreviver cantando nas ruas da cidade. Como grande repentista, ao ser preso, cantou sua defesa versejando ser um real delito prender um cantador e assim obteve garantia para exercer o repente. Neste período, também foi catador de papel e engraxate, até encontrar Expedito, antigo amigo de Montes Claros, pintor de letras que não só ensinou a profissão a Téo, como lhe ofereceu trabalho. Ainda em Belo Horizonte, iniciou no boxe, aos 17 anos, quando conheceu as academias Geraldo Silva e Paissandú (AZEVEDO, [19–]; NOVAES, 2013; TÉO …, [21–]).

Grande admirador de Luiz Gonzaga, lançou o álbum Salve Gonzagão – 100 anos, por ocasião do centenário de nascimento do Rei do Baião e que foi considerado o melhor álbum de raiz, levando o poeta a vencer o Grammy Latino (AZEVEDO, [19–]; TÉO …, [21–]).

Téo Azevedo também deixou registrado, em cordel, sua paixão pelo ídolo:

O Encontro de Téo com Luiz Gonzaga no Parque Asa Branca
 
Gente deste nosso Brasil
Uma história importante
De um encontro que tive
Com um músico fulgurante
Criador de tantos ritmos
Do nosso Brasil gigante
 
Prá mim foi emocionante
O encontro espetacular
Com esse poeta que sou fã
Não cansei de admirar
Sangue, arte e graça
Ele tem pra não acabar
 
Falo de Luiz Gonzaga
O querido Rei do Baião
Velho e cabra macho
Que é mais que sensação
Conhecido no Brasil todo
De sanfona, chapéu, gibão
 
Fiquei tão emocionado
Ouvindo que ele dizia
Relíquia de nossa música
Protegido por Maria
Grande músico e pessoa
Que há muito não se via
 
O encontro maravilhoso
Na fazenda espetacular
No parque da Asa Branca
O mais lindo do lugar
Pois só mesmo visitando
A gente vai acreditar
 
[…]
(AZEVEDO, 1978, p. 36)

Músico poeta autodidata, participou do conjunto musical do amigo Léo Baia, Os Embalados. Foi aclamado melhor compositor mineiro em 1968 pelo colunista Gérson Evangelista, do jornal O Debate. No ano seguinte, lançou seu primeiro LP, Brasil Terra da Gente (AZEVEDO, [19–]; PRIETO; NASCIMENTO, 20013).

Em entrevista ao jornal A Nova Democracia, em 2003, afirmou:

É muito comum as pessoas me chamarem de folclorista, pesquisador e outros adjetivos do gênero. Na verdade, não me considero nada disso. Para ser isso tudo, além do amor pela cultura, é preciso ter formação acadêmica. Sou um cantador violeiro, […], possuindo apenas a escola da vida, sendo o meu aprendizado na cultura, o fruto de minha própria vivência e criação, além de minha curiosidade de conhecimento e o fato de não ter vergonha de perguntar e aprender com quem sabe mais do que eu. Portanto, não sigo nenhum critério acadêmico, mas, com o amor pela cultura e dentro de meu conhecimento, procuro trilhar o caminho da simplicidade e da honestidade, fazendo a cultura de resistência do Brasil, terra da gente. (PRIETO; NASCIMENTO, 20013)

Apesar da sua fala, escreveu nove livros sobre cultura popular, proferiu palestra em universidades brasileiras e em Portugal sobre cultura popular brasileira (AZEVEDO, [19–]).

Foi crooner na noite paulista (1969) e constituiu seu próprio conjunto musical, porém sua excepcional habilidade é para o repente e a literatura popular, já tendo escrito mais de mil cordéis (AZEVEDO, [19–]; TÉO …, [21–]).

A Seca (linguajar catrumano)
 
No ano qui a chuva cai
Lá no meu norte mineiro
Chuva dentro dos conforme
Sem aquele aguaceiro
A fartura é de montão
É fava, mio e feijão
E fica alegre o rocero
 
Melancia de fartura
Da matuta bem rajada
Intoncebera de rio
Daquela outra pintada
O miolo vermeinho
Com um cardo bem docinho
Qui eu chupo dez taiada
 
Com a chuva se tem tudo
Do maxixe ao quiabo
Mais que vê o trem bem feio
Não existe homi brabo
Uma seca no sertão
Parecia coisa de cão
Mandada pelo diabo
[…]
(AZEVEDO, 2003, p. 19)

FONTES CONSULTADAS

AZEVEDO FILHO, Teófilo de. Corinthians, o maior fenômeno do mundo. São Paulo: TAF, [19–]. 27 p. [+1] : 66 estrofes : sextilhas : 7 sílabas.

AZEVEDO FILHO, Teófilo de. O barqueiro do Rio São Francisco. [S.l. : s.n., 19–]. 8 p. : 24 estrofes : sextilhas : 7 sílabas. Disponível em: <http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=cordel&pasta=&pesq=O%20barqueiro%20do%20rio%20Sao%20Francisco&gt;. Acesso em: 10 out. 2017.

AZEVEDO, Téo. Biografia de Téo Azevedo. São Paulo: [s.n., 19–]. 12p. : 5 estrofes : sextilhas : 7 sílabas. Disponível em: <http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=54828&gt;. Acesso em: 9 out. 2017.

AZEVEDO, Téo. Téo Azevedo. São Paulo: Hedra, 2003. 70 p. (Biblioteca de cordel). ISBN 8587328700.

AZEVEDO, Teófilo de. Literatura popular do norte de minas: a arte de fazer versos. São Paulo, 1978.

NOVAES, Luis Carlos. Téo, uma vida. JN Jornal de Notícias, Montes Claros, 27 MAIO 2013. Disponível em: <http://www.jnnoticias.com/index.php/artigos/detalhes/28164/teo-uma-vida-luis-carlos-novaes&gt;. Acesso em: 11 out. 2017.

PRIETO, José Ricardo; NASCIMENTO, Luísa. Téo Azevedo: cantador popular do Norte de Minas. A nova democracia, Rio de Janeiro, mar. 2003. Disponível em: <http://anovademocracia.com.br/no-7/1216-teo-azevedo-cantador-popular-do-norte-de-minas&gt;. Acesso em: 11 out. 2017.

TÉO Azevedo. In: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. [S.l.] : Instituto Cultural Cravo Albin. [21–]. Disponível em: <http://dicionariompb.com.br/teo-azevedo/biografia&gt;. Acesso em: 11 out. 2017.

Poeta Teodoro Ferraz da Câmara – Síntese biográfica

Teodoro Ferraz da Câmara foi poeta popular, cantador de viola e ferreiro. Nasceu no agreste potiguar, Sítio Condessa de Velho Monte, em São Paulo do Potengi (RN). Filho do casal Leandro Anselmo de Medeiros e Luzia Dionísio, nasceu no dia 11 de setembro de 1904 e faleceu em Parnamirim (RN) no dia 21 de fevereiro de 1959 (TEODORO…, 2008).

Gutemberg Costa, autor do Dicionário Biobibliográfico de Poetas Cordelistas do RN, assegura que o violeiro tinha alcunha de Teodoro Dionísio de Medeiros, de acordo com o Caderno de Biografias de Violeiros de Zé Milanês (TEODORO…, 2008).

Como ferreiro, particularizou-se em restauração e confecção de armas de fogo, sendo qualificado como “médico das armas” por sua capacidade. Como cordelista, usou a virtude feminina como munição para seus romances, como o intitulado: História de Rosa Milão (TEODORO…, 2008).

História de Rosa Milão
 
 
Num alfarrábio francês
foi esta lenda encontrada
o caso foi doloroso
a cena foi complicada
do falso duma madrasta
e o sofrer duma enteada
 
Numa cidade da Itália
denominada Milão
residia um alfaiate
chamado Paulo Bairão
casado segunda vez
com uma fera dragão
 
Alvira era seu nome
mulher perversa e malvada
nunca concebeu um filho
enquanto viveu casada
mas casou com esse velho
encontrou uma enteada
 
Chamava-se ela Rosa
uma moça sem maldade
tinha um irmão Américo
com vinte anos de idade
viviam esses dois manos
na mais perfeita amizade
 
Alvina a madrasta deles
era igual um dragão
falsa, cruel e assassina
colérica como leão
fingida como serpente
um ente sem coração
 
Quer por sua casa Rosa
andou nos braços da morte
teve prisão, sofreu muito
casou, mas não teve sorte
foi degredada nos montes
onde sua dor foi forte
 
Rosa como já dissera
vivia com seu irmão
num paraíso de amores
num berço de união
honestos como dois anis
num grêmio de perfeição
 
Alvina a cruel madrasta
cheia de tanto rancor
por ver tão fina amizade
ir aumentando o calor
dizia sempre: eu acabo
com esta força de amor
[...]

FONTES CONSULTADAS

TEODORO Ferraz da Câmara. In: SILVA, Gonçalo Ferreira da (Org.). 100 cordéis históricos segundo a Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Mossoró: Queima-bucha, 2008.  p. 271-277.

CÂMARA, Teodoro Ferraz da. Martírios de Rosa de Milão. Juazeiro do Norte: José Bernardo da Silva, [s.d.]. In: In: Cordelteca. Disponível em: <http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=15163&gt;. Acesso em: 14 set. 2017.

Poetisa Sebastiana Gomes de Almeida Job – Síntese biográfica

Sebastiana Gomes de Almeida Job, filha de Maria Pereira Almeida e Miguel Gomes de Almeida, é cordelista nascida em 20 de janeiro 1945, em Santo Amaro município de Assaré no estado do Ceará. Bastinha Job, como é mais conhecida, orgulha-se de ser conterrânea do grande poeta popular Patativa do Assaré (BASTINHA, 2003; LUCENA, 2010). A poeta desenvolve sua verve poética desde a infância, cuja trajetória iniciou no curso de declamação na Escola de Arte de Sara Quixadá Felício (LUCAS, 2013).

Bastinha Job é professora aposentada da Universidade Regional do Cariri (URCA), onde introduziu (1993), com outros dois colegas, a disciplina de Literatura Popular no curso de Letras, sendo sua primeira professora (LUCAS, 2013; LUCENA, 2010). No misto entre a carreira acadêmica e a literária, a poeta constrói seu reconhecimento galgando uma Cadeira na Academia dos Cordelistas do Crato desde a sua primeira reunião (1991), onde ocupa a cadeira número 4 que tem como patrono Cego Aderaldo.

Segundo Lucena (2010, p. 63), Bastinha Job apresenta “o deboche como forma de resistência”, e até 2010 publicou 37 folhetos, sendo cordelista de destaque no cenário da produção contemporânea.

Em entrevista a Alexandre Lucas (2013), para o blog CaririCult, questionada sobre “Quem é Bastinha?”, assim se autodescreve:

Professora aposentada,
cordelista na ativa,
Assaré do Patativa
é minha terra amada;
Crato é a mãe idolatrada,
que me acolheu em seu seio,
aqui encontrei o veio
da joia da Educação,
da completa Formação
que me deu força e esteio.

Na entrevista, ela revela que teve contato com a poesia desde a infância, pois sempre teve o hábito de ler, como explica:

Leio desde a meninice
Patativa e Aderaldo,
deslumbrei-me com Clarice,
no momento, leio Ubaldo,
Pompílio e Zé da Luz
estilo que me seduz;
E viajei com Lobato,
neles, vivi a magia
setas da  minha  poesia
e guias do meu contato.

Por ocasião das comemorações dos 250 anos do Crato, a Academia dos Cordelistas do Crato, em parceria com a Secretaria de Cultura do munícipio, lançou coleção de cordéis intitulada Crato 250 anos: eu faço parte dessa história!, onde seus acadêmicos versaram sobre o tema, e Bastinha lançou Se Queres Ser Meu Amigo Não Fales Mal do Meu Crato!

Não fui gerada em teu seio
Tua entranha me adotou
No teu coração estou
Enraigada bem no meio
És a mina, sou teu veio
Se te agride um insensato
Me descabelo, até bato
Nunca mais falo e me intrigo;
“Ser queres ser meu amigo
Não fales mal do meu Crato!”
 
Sinta o cheiro desta terra
Por Jesus abençoada
Encravada na Chapada
Da mais imponente Serra
Do Araripe se descerra
O mais perfeito ornato
Do verdadeiro retrato
Desse Torrão que bendigo;
“Ser queres ser meu amigo
Não fales mal do meu Crato!”
 
És digna de ser princesa
Princesa do Cariri
A todos que vêm aqui
Abrigas com gentileza
Porque só quem tem grandeza
Recebe com mimo e tato
Simples sem espalhafato
Cantando teu nome sigo:
“Ser queres ser meu amigo
Não fales mal do meu Crato!”

FONTES CONSULTADAS

BASTINHA. Se queres ser meu amigo, não fales mal do meu Crato!. Crato: Academia dos Cordelistas do Crato. Abril, 2003. 8 p.

LUCAS, Alexandre. Bastinha: uma crítica bem humorada. In: CaririCult: arte, cultura e ideias em movimento. [S.l. : s.n.], 19 set. 2013. Disponível em: <http://cariricult.blogspot.com.br/2013/09/bastinha-uma-critica-bem-humorada.html&gt;. Acesso em: 28 mar. 2017.

LUCENA, Bruna Paiva de. Espaços em disputa: o cordel e o campo literário brasileiro. 2010, 88 f. Dissertação (Mestrado em Literatura)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

Poeta Ruberto da Silva Lisboa – Síntese biográfica

O poeta popular Ruberto da Silva Lisboa, conhecido como Beto Lisboa, publicou perfil no Recanto das Letras

Eu? Sou Ruberto da Silva Lisboa
Ser humano que procurar entender o sentido da vida
Alguém que foi amado pelo Criador
Esposo de Elizabeth, amor da minha vida
Pai de Yuri e Clara (filhos que me inspiram)
Sou Professor de Filosofia e Sociologia por paixão à sociedade.
Ministro presbiteriano por vocação.
Escritor por desejo de superação
Moro em Sena Madureira, Acre pela qualidade de vida.
Gosto de ler, pensar e conversar sobre a vida.
Poesia para mim é poder se libertar do aparente e ir em busca de absolutos perdidos.
Creio no Verbo que é a Palavra que inspira a vida, que um dia foi tocada por Ele na sua encarnação: "E a Palavra veio habitar com os seres humanos.
 
Eu sou bem, sou mau, sou juízo e redenção,
sou canção, sou oração,
sou epicentro, sou furacão.
 
Trebur

FONTES CONSULTADAS

LISBOA, Beto. Perfil. In: RECANTO das letras. [S.l. : s.n.], [2017]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=56136&gt;. Acesso em: 25 fev. 2017. LISBOA, Beto. Últimas Publicações. In: RECANTO das letras. [S.l. : s.n.], [2017].

Poetisa Rosa Ramos Regis da Silva – Síntese biográfica

A cordelista paraibana Rosa Ramos Regis da Silva é filha do agricultor Fortunato Ramos Regis e da dona de casa Maria Joaquina de Farias. Rosa Regis, como é mais conhecida, nasceu no ano de 1949 no Sítio Jerimum, em Mamanguape (PB), atualmente Jacaraú (PB), e aos 17 anos (1966) fixou-se em Natal (RN) tendo antes residido em Montanhas (RN) por nove anos (REGIS, [2006?]; REGIS, [2007?]; SILVA, 2007).

Bacharel em Economia e Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rosa Regis demonstrou sua verve poética ao cursar Filosofia, pois escrevia seus trabalhos acadêmicos em rima, até parte do trabalho de conclusão de curso e o discurso de formatura (REGIS, [2006?]; REGIS, [2007?]; SILVA, 2007).

Na contracapa do seu folheto O Verdadeiro Saber É Saber-se Ignorante, podemos ler detalhes de como se deu o início da sua produção cordelística:

Descobriu essa aptidão ao aposentar-se, quando passou a fazer caminhadas levando consigo um papel e uma caneta, escrevendo no meio da rua e chamando a atenção dos caminhantes. Naquele tempo, no ano de 1998, logo após aposentar-se, resolveu fazer um vestibular e, como não estava preparada para tal, fechou os olhos e marcou com indicador, no livreto do candidato, o curso para o qual concorreria a uma vaga. Deu filosofia. E este, foi o curso da sua vida. Foi ali que desenvolveu mais e mais sua aptidão poética, produzindo, com o incentivo de alguns professores, tais como o prof. Dr. Marcos Figueiredo da Silva e o prof. Dr. Oscar Frederico Bauchwitz, entre outros, que a coisa evoluiu. E aí fez grande parte dos seus trabalhos universitários em versos. Meio capengas, é certo! Mas, em versos. (REGIS, 2010)

Amante da poesia popular, a cordelista é membro de inúmeras instituições vinculadas à tradição da literatura poética oral e em folheto, como da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (ATRN); Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel (ANLIC), da qual foi presidente no período de 2011-2014 e depois tesoureira; Associação Cultural Casa do Cordel (ACCC); Associação Estadual de Poetas Populares (AEPP); Associação Popular de Literatura de Cordel (APLC) da qual foi membro fundadora; Movimiento Poetas Del Mundo; Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVA/RN); União Brasileira de Escritores no Rio Grande do Norte (UBE/RN); e União dos Cordelistas do Rio Grande do Norte (UNICODERN) (REGIS, [2006?]; REGIS, [2007?]; SILVA, 2007).

O que apresentar agora, então? Em primeiro lugar, antes do rol de suas obras e prêmios, como ressalva à produção poética e participação de Rosa Régis na seara cultural, transcrevemos trecho inicial e final de O Distino de Jusé: fio de dona Sinhá:

(inselença)
Meu povo, me dê licença
Prumode a rede passá!
Nói vamo interrá Jusé
Qui já cumeça a cherá!
Morreu de morte matada:
Pra mai de doze facada.
Lhe matáro pra robá.
 
Assim cumeça a história,
Contada de trái pra diante:
Um história sem gulória
D'um matuto arritirante
Qui partiu da sua terra,
Do sertão no pé da serra,
Puresse mundão avante.
 
É a história de Jusé
Fio de dona Sinhá.
Quidexô a sua terra
Poi já num tinha o qui dá
Prumode a sêeeca, doutô!
E pra capitá se mandô,
Buscando in que trabaiá.
 
Um dia, de manhãzinha,
S'elevanta distimido,
Dizendo a mué: - Chiquinha,
Já tô mermo arrizuvido!
Tu arrebanha os minino
Qui agora o nosso distino
É o qui Deus fôsiivido.
 
Tem um povo arrabanhando
Gente pra ir trabaiá.
Mai só leva sem muié!
Eu num quero ti dexá.
Pra donde eu fô tu vai!
Nossos fio vão atrai.
E Deus vai nos ajudá.
 
A muié, obidiente
Quiera, já começô
A arrumá os mulambo
Cuma o marido mandô:
Roupa véia, arremendada;
Carça cum perna rasgada;
Pedaço de cubertô.
 
Arrebanhô os minino
Quitava tudo ispiado:
Maigarida, Sivirino,
Zabé, Antonha, Conrado.
E mais argum, que agora
No momento, nessa hora,
Eu num mermo alembrado.
 
Zé, cuma inxada no ombro,
Onde vai dipindurado
Um cabacinho cum água
E um matuião de lado
Cum farinha de mandioca
Beiju seco, tapioca
E um caiquinho assado.
 
[...]
 
Morreu o Zé de Chiquinha!
Ninguém sabe quem matô.
Arguém diz qui foi um fio
Dele mermo, quiindoidô.
E ôtos dize: - Foi ladrão!
Só se sabe qui o sertão,
cum tristeza, meu patrão,
A sua morte chorô.
[REGIS, [2007?])

Rosa Ramos Regis da Silva é aposentada da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN) e aos sessenta anos (2009) foi aprovada em concurso público para a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC/RN) para lecionar filosofia no ensino médio (SILVA, 2007).

A promoção à educação também está presente na sua produção artística, como vemos nas explicações contidas no folheto O Cordel da Prevenção: a AIDS é incurável, devemos nos prevenir:

Pode-se encontrar no sangue;
Na secreção vaginal;
No esperma ou mesmo no leite,
Que é alimento maternal
Da mãe que, infectada
Pelo tal vírus, coitada,
A transmissão é fetal.
 
Porém o contágio pode
Demorar a aparecer,
Lavando mais de dez anos
Para que se possa ver
Que se possui a doença.
E ao descobrir-se, é imensa
A tristeza. E faz sofrer.
 
Quem se droga e compartilha
A seringa está, também,
Arriscando a própria vida
E a vida de mais alguém.
A AIDS e a droga, juntos,
São: prenúncio de defuntos.
Pois os dois, morte contêm.
 
Ao desenvolver a AIDS,
O HIV, então,
Começa, pois, um processo
Que leva à destruição
Dos glóbulos bancos, causando,
No ser que o está portando,
Uma grande desproteção.
[...]
(REGIS, 2008)

Sua obra reconhecida já recebeu muitos prêmios, sendo em primeiro lugar dos cordéis em décima ou sextilhas: 2008 – XIV Festival Sertanejo de Poesia (FESERP) da Acauã Produções Culturais (APC), recebendo o Prêmio Augusto dos Anjos, na cidade de Aparecida (PB) com o cordel em décima: Lampião Ainda É Vivo no Coração do Nordeste; 2009 – III Prêmio COSERN de Literatura de Cordel, em Mossoró (RN) com Eu Venho Aqui em Defesa da Sustentabilidade, e I PRÊMIO SINDSAÚDE/RN, com o cordel O SINDSAÚDE é um sindicato de garra, ambos escritos em sextilha;2010 – II Prêmio Literatura de Cordel da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, em Caruaru (PE), com a décima: A Feira de Caruaru É Patrimônio do Povo (REGIS, [2006?]; SILVA, 2007). Rosa Régis alcançou o oitavo lugar no X e XIV FESERP com UM Deus Nascido da Dor e O Ipê Roxo, respectivamente (REGIS, [2006?]; SILVA, 2007).

A partir do rol de premiação da ilustre cordelista, gostaríamos de lembrar que ela também tem sonetos premiados, muitos livros e folhetos (poesias) publicados, participação em diversificados eventos culturais (festivais, concursos literários, feiras e outros). Apresentamos, portanto, trecho do cordel que encarna seu saber da história da filosofia, intitulado Filosofia em Cordel (aplicada à Educação Fundamental):

Nos disse o mestre dos mestres
do pensar, que foi Platão,
que as coisas só iam entrar
nos eixos neste mundão
quando este fosse mandado,
dirigido, governado,
por filósofos. E então?!...
 
[…]
 
TALES DE MILETO
 
Tales nasceu em Mileto.
Foi um grande pensador!
Sendo ele o primeiro Sábio
Do mundo. Um conhecedor.
Foi político, geômetra,
e astrônomo. Com louvor.
 
[…]
 
ANAXIMANDRO
 
Falemos de Anaximandro,
que veio logo em seguida.
Este era da mesma linha
de Tales, pois que a vida,
pra ele, vinha da água
de uma forma definida:
 
[…]
 
PITÁGORAS
 
Combinação curiosa
de místico e cientista,
de matemático, geômetra,
como verdadeiro artista
ele manuseia os números
como um hábil equilibrista.
 
[…]
 
HERÁCLITO
(Não se entra no mesmo
rio duas vezes)
 
Quinhentos anos a.C.
Heráclito já afirmava
que tudo estava em fluxo.
Mas também acreditava
em uma justiça cósmica
que o mundo equilibrava.
 
[…]
 
EMPÉDOCLES
 
Empédocles de Agrimento
cria uma clepsidra
em metal. Descobre o ar.
E diz que: De Deus duvida.
Julgando-se o próprio Deus!
O dono da sua vida.
 
[…]
 
OS ATOMISTAS
 
Falando dos atomistas,
Quatrocentos e Vinte a.C.
O mundo, aí, é formado
por particulazinhas que
unem-se, formando um todo.
Seria loucura? Engodo?
Tente descobrir você!
 
LEUCIPO E DEMÓCRITO
 
De Parmênides: a idéia
de partículas essenciais,
de Heráclito: o movimento
que não termina jamais,
herdam, e propõem: átomos
indivisíveis. E mais:
 
[…]
 
OS SOFISTAS(Grandes mudanças)
 
Enquanto que para os gregos
o interesse maior era
a unidade e a diferença,
o Universo... quem dera!
As grandes questões, agora?!
Isso era apenas quimera.
 
[…]
 
PROTÁGORAS
 
Segundo ele, o homem
era, de tudo, a medida.
E a sua praticidade
não lhe deixava saída:
conhecer a realidade
era coisa descabida.
 
[…]
 
TRASÍMACO
 
Para Trasímaco, a Justiça
era a vantagem de quem
tem o poder, é mais forte.
E, desta forma, ele vem,
de uma forma grosseira,
“trocar” o mal pelo bem.
 
Fim do folheto I
 
 (REGIS, [2007]; REGIS, 2008)

FONTES CONSULTADAS

REGIS, Rosa. Filosofia em cordel. [Natal : s.n., 2005]. In: Recanto das Letras. [2007]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/cordel/579860&gt;. Acesso em: 28 out. 2017.

REGIS, Rosa. Filosofia em cordel. [Natal : s.n., 2005]. In: Rosado Cordel. 6 mar. 2008. Disponível em: <http://rosadocordel.blogspot.com.br/&gt;. Acesso em: 26 out. 2017.

REGIS, Rosa. O cordel da prevenção: a AIDS é incurável, devemos nos prevenir. 2008.

RÉGIS, Rosa. O distino de Jusé: fio de dona Sinhá. Natal: Casa co Cordel, [2007?].

REGIS, Rosa. O verdadeiro saber é saber-se ignorante. Natal: [S.n.], 2010.

REGIS, Rosa. Perfil. [S.l.: s.n.]. In: Recanto das Letras. [2006?]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=5757&gt;. Acesso em: 26 out. 2017.

SILVA, Rosa Regis da Silva. Perfil. [S.l : s.n.]. In: Rosa Regis Poetisa. 21 jul. 2007. Disponível em: <http://www.rosaregispoetisa.net/perfil.php&gt;. Acesso em: 28 out. 2017.

Poetisa Rita Nilce Martins Cruz da Fonseca – Síntese biográfica

Mais conhecida como Rita Cruz. Acarauense, filha de José Neilson Couto Cruz e Maria de Jesus Martins Cruz, a poetisa cordelista Rita Nilce Martins Cruz da Fonseca também é contadora de histórias, conhecida como Ritinha Catita, a menina que conta histórias (RIOS, 2017).

A cordelista Rita Cruz é cearense e membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVA), da Associação Cultural da Estação do Cordel/RN e da Casa do Cordel/RN (RIOS, 2017). É de sua autoria o poema intitulado: A mulher.

De perfume indelével,
a mulher é uma rosa,
seu cheiro é agradável,
deixando-a deliciosa
delicada e sensual,
a mulher é poderosa.
 
A mulher é uma deusa
por vênus é abençoada
a criatura perfeita
por deus foi ornamentada
de beleza deslumbrante,
uma obra bem talhada.
 
Dos poetas é a musa,
do homem a companheira
dos filhos a protetora,
lutando como guerreira
e ainda lhe sobra tempo
pra ser bonita e faceira.
 
Deus a ela concedeu,
o poder de germinar
para do ventre sagrado,
um fruto do amor gerar
a mulher sempre zelosa,
vive edificando o lar.
 
(CRUZ, 2017)

Sua produção está presente na publicação Cordelistas Contemporâneos – Coletânea 2017, obra que reúne textos de 53 poetas, representantes das regiões brasileiras (COLETÂNEA …, 2017; LANÇADA …, 2017).

FONTES CONSULTADAS

COLETÂNEA reúne trabalhos de 53 cordelistas das cinco regiões. [S.l. :s.n.]. In: Cultura gov. 2 jun. 2017. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/o-dia-a-dia-da-cultura/-/asset_publisher/waaE236Oves2/content/coletanea-reune-trabalhos-de-53-cordelistas-das-cinco-regioes/10883&gt;. Acesso em: 2 set. 2017.

CRUZ, Rita. A mulher. [S.l. : s.n.]. In: Cordel de saia. 14 ago. 2017. Disponível em: <http://cordeldesaia.blogspot.com.br/&gt;. Acesso em: 3 set. 2017.

LANÇADA coletânea de cordelistas de todas as regiões do Brasil. [S.l. :s.n.]. In: Funart. 31 maio 2017. Disponível em: <http://www.funarte.gov.br/literatura/livro-com-poesias-de-53-cordelistas-tem-lancamento-no-dia-1%C2%BA/#ixzz4rUAtgmgc&gt;. Acesso em: 2 set. 2017.

RIOS, Totó. Rita Cruz. [S.l. : s.n.]. In: Aracajú pra recordar. 8 jun. 2017. Disponível em: <http://acarauprarecordar.blogspot.com.br/2017/06/rita-cruz.html&gt;. Acesso em: 1 set. 2017.

Poeta Raimundo Clementino Neto – Síntese biográfica

Poeta cordelista, professor, letrista e compositor, Raimundo Clementino Neto é natural de Bocaina (PI), onde nasceu no dia 17 de setembro de 1959. Ainda jovem foi para São Paulo (SP), vindo a graduar-se em Engenharia Industrial Elétrica, com especialização em Controle de Poluição e, posteriormente, em Linguística. Retornou ao estado de origem e passou a residir em Teresina (PI), onde abriu a Gráfica Rima (CARIOCA…, 2013; CLEMENTINO NETO, [21–]; CLEMENTINO NETO, 2013).  

Suas habilidades artísticas o fizeram exercer diversificadas funções, escrevendo espetáculos musicais e, como cordelista, produz textos bem-humorados e de temáticas diversificadas (CLEMENTINO NETO, [21–]; CLEMENTINO NETO, [21–]; CLEMENTINO NETO, 2013).

O Famoso Martim-Tim
 
Martim-tim era um garoto
Que gostava de brincar,
Mas só tinha um ano e meio
E não sabia falar.
 
Devagarinho tentava
Só dizia: - ai,ai... ãe, ãe.
Depois falava: - Pa... Pai!
E finalmente: - Mã... Mãe!
(CLEMENTINO NETO, 2011)

Raimundo adaptou para o cordel a obra de Antoine de Saint-Exupéry: O Pequeno Príncipe, cujo folheto foi lançado na XII Bienal Internacional do Livro do Ceará, ocorrida em abril do ano em curso.

O Pequeno Príncipe em Cordel
 
O livro expõe claramente
Um sentimento oculto,
Que registra na memória
Algum vestígio ou vulto
Da criança que habita
Dentro de cada adulto
 
Revela as dificuldades,
- Com muita sabedoria –
Do adulto em perceber
O mundo de fantasia
Que encantava a criança
Que ele próprio foi um dia!
[…]
(CLEMENTINO, 2017, p. 3)

FONTES CONSULTADAS

CARIOCA, Ruth. Notícias: Espetáculo Lítero-Musical “Futebol e Vida” reúne narração, música e poesia na UESPI. In: Universidade Estadual do Piauí. 5 dez. 2013. Disponível em: <http://www.uespi.br/site/?p=41970&gt;. Acesso em: 25 out. 2017.

CLEMENTINO NETO, Raimundo. Futebol e vida. [S.l. :s.n]. In: Literatura na arquibancada. 15 ago. 2013. Disponível em: <http://rclementino.blogspot.com.br/2011/05/o-famoso-martim-tim.html&gt;. Acesso em: 25 out. 2017.

CLEMENTINO NETO, Raimundo. O Famoso Martim-Tim. [S.l. :s.n]. In: Site. 17 maio 2011.Disponível em: <http://rclementino.blogspot.com.br/2011/05/o-famoso-martim-tim.html&gt;. Acesso em: 25 out. 2017.

CLEMENTINO NETO, Raimundo. Raimundo Clementino Neto. [S.l. :s.n]. In: Poesia, métrica e rima. [21–]. Disponível em: <http://rclementino.blogspot.com.br/&gt;. Acesso em: 25 out. 2017.

CLEMENTINO, Raimundo. O pequeno príncipe em cordel. Fortaleza: Tupynanquim, 2017.

Poeta Pedro Amaro do Nascimento – Síntese biográfica

Cordelista pernambucano, Pedro Amaro do Nascimento nasceu a 28 de junho de 1937 no município de Paudalho (NASCIMENTO, 2008). O sergipano de coração é Acadêmico da Academia Sergipana de Cordel ocupando a cadeira 3 cujo patrono é Luiz Antônio Barreto. (ACADEMIA …, 2017; NASCIMENTO, 2008).

O poeta é pai da cordelista Izabel Cristina Santana do Nascimento. Pedro Amaro já escreveu mais de 100 cordéis e conquistou o primeiro lugar no Concurso de Literatura de Cordel  promovido pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e foi membro da comissão julgadora do II Festival de Violeiros Nordestinos realizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), SESC e Funcaju (NASCIMENTO, 2008; PEDRO …, 2016a; PEDRO …, 2016b ).

Seu Pedro foi professor do SENAI e SESC de Sergipe nas áreas de refrigeração industrial e relações humanas (NASCIMENTO, 2008).

Em entrevista concedida ao Mato Grosso Online (2008), Pedro Amaro do Nascimento afirmou que já foi repentista, estando afastado da viola desde o final da década de 70, sendo que foi aos 15 anos que começou a tocar viola e escrever cordéis, inspirado nos violeiros cantadores. Apontou como principal produção o cordel dedicado ao papa João Paulo II, com 312 estrofes (LITERATURA …, 2008).

Seu Pedro explicou que se inspira nos fatos e eventos cotidianos para escrever seus cordéis. Sendo uma literatura feita para o povo, defende a ideia que seu nome seja modificado para Literatura Popular, observando que apesar da linguagem simples, demanda técnicas rigorosas, sendo esta uma grande importância do cordel (LITERATURA …, 2008).

Literatura versátil, usada para narrar eventos e fatos, problemas sociais, enaltecer tipos e até denunciar privilégios e desigualdades, diversificados temas podem ser rimados, assim o poeta lançou Medicina e Arte (PEDRO …, 2016a; PEDRO …, 2016b).

O diálogo com o povo por meio da forma métrica, também, cai na graça do povo pela irreverência, o que podemos constatar em Você sabia? que …

Neste livro eu descrevo
Conhecimentos gerais
Tanto das coisas existentes
Ou que não existem mais
Notícias ruins e boas
Envolvem fatos, pessoas
Objetos e animais
 
Eu fui aos céus dos planetas
O reino da sabedoria
História, razão política
Ciência, democracia
São perguntas que interessam
Todas estrofes começam
Com a frase: você sabia?
 
Você sabia o mundo antigo
Segundo a geografia
São: Europa, Ásia, África
Marítimo ou Oceania
O novo as duas Américas
O mundo em si são estéticas
Poder e soberania?
 
Você sabia que a história
É ocorrido lembrado
Coisas da humanidade
Conhecimento expressado
Da era de antigamente
Do sucesso do presente
A evolução do passado?
 
Você sabia que o homem
Nunca aprendeu amar
Porque quem ama não vai
Assaltar, brigar, matar
Só peço que ninguém faça
Porque um dia é da caça
Outro é de quem vai caçar?
 
Você sabia de fato
Que o coração humano
É verdadeiro prodígio
Não pode haver um engano
Trabalha sem energia
Cem mil pulsações por dia
Quarenta milhões por ano?
 
[…]
(NASCIMENTO, 2008)

FONTES CONSULTADAS

ACADEMIA de Cordel é instalada em Sergipe. Aracaju. In: AGÊNCIA SERGIPE

DE NOTÍCIAS. 20 jul. 2017. Disponível em: <http://agencia.se.gov.br/noticias/cultura/academia-de-cordel-e-instalada-em-sergipe&gt;. Acesso em: 19 ago. 2017.

LITERATURA de Cordel ou Literatura Popular. Mato Grosso. 9 fev. 2008. In: Mato Grosso Online. Disponível em: <http://www.matogrossoonline.com.br/artigo.php?id=6925514&gt;. Acesso em: 29 ago. 2017.

NASCIMENTO, Pedro Amaro do. Você sabia? que … [S.l.: s.n.], 2008.

PEDRO Amaro do Nascimento lança cordel Medicina e Arte. [S.l :s.n.]. In: Infonet. 14 set. 2016a. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/noticias/cultura/ler.asp?id=191115&gt;. Acesso em: 29 ago. 2017.

PEDRO Amaro do Nascimento lança cordel Medicina e Arte. [S.l. :s.n]. In: G1.Globo. 15 set. 2016b. Disponível em: <http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/09/pedro-amaro-do-nascimento-lanca-cordel-medicina-e-arte.html&gt;. Acesso em: 29 ago. 2017.

Poeta Nailson Costa – Síntese biográfica

O santo-antoense Nailson Costa nasceu em Santo Antônio dos Lopes no estado do Maranhão em 11 de janeiro de 1974 e radicou-se em outro município maranhense, Pedreiras, quando tinha 5 anos. Autor de mais de 300 poesias, iniciou processo criativo poético aos 15 anos.

FONTES CONSULTADAS

NAILSON Costa: perfil. In: Recanto das Letras. [S.l. :s.n;], [20–]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=160466&gt;. Acesso em: 10 abr. 2017.