Sebastiana Gomes de Almeida Job, filha de Maria Pereira Almeida e Miguel Gomes de Almeida, é cordelista nascida em 20 de janeiro 1945, em Santo Amaro município de Assaré no estado do Ceará. Bastinha Job, como é mais conhecida, orgulha-se de ser conterrânea do grande poeta popular Patativa do Assaré (BASTINHA, 2003; LUCENA, 2010). A poeta desenvolve sua verve poética desde a infância, cuja trajetória iniciou no curso de declamação na Escola de Arte de Sara Quixadá Felício (LUCAS, 2013).
Bastinha Job é professora aposentada da Universidade Regional do Cariri (URCA), onde introduziu (1993), com outros dois colegas, a disciplina de Literatura Popular no curso de Letras, sendo sua primeira professora (LUCAS, 2013; LUCENA, 2010). No misto entre a carreira acadêmica e a literária, a poeta constrói seu reconhecimento galgando uma Cadeira na Academia dos Cordelistas do Crato desde a sua primeira reunião (1991), onde ocupa a cadeira número 4 que tem como patrono Cego Aderaldo.
Segundo Lucena (2010, p. 63), Bastinha Job apresenta “o deboche como forma de resistência”, e até 2010 publicou 37 folhetos, sendo cordelista de destaque no cenário da produção contemporânea.
Em entrevista a Alexandre Lucas (2013), para o blog CaririCult, questionada sobre “Quem é Bastinha?”, assim se autodescreve:
Professora aposentada, cordelista na ativa, Assaré do Patativa é minha terra amada; Crato é a mãe idolatrada, que me acolheu em seu seio, aqui encontrei o veio da joia da Educação, da completa Formação que me deu força e esteio.
Na entrevista, ela revela que teve contato com a poesia desde a infância, pois sempre teve o hábito de ler, como explica:
Leio desde a meninice Patativa e Aderaldo, deslumbrei-me com Clarice, no momento, leio Ubaldo, Pompílio e Zé da Luz estilo que me seduz; E viajei com Lobato, neles, vivi a magia setas da minha poesia e guias do meu contato.
Por ocasião das comemorações dos 250 anos do Crato, a Academia dos Cordelistas do Crato, em parceria com a Secretaria de Cultura do munícipio, lançou coleção de cordéis intitulada Crato 250 anos: eu faço parte dessa história!, onde seus acadêmicos versaram sobre o tema, e Bastinha lançou Se Queres Ser Meu Amigo Não Fales Mal do Meu Crato!
Não fui gerada em teu seio Tua entranha me adotou No teu coração estou Enraigada bem no meio És a mina, sou teu veio Se te agride um insensato Me descabelo, até bato Nunca mais falo e me intrigo; “Ser queres ser meu amigo Não fales mal do meu Crato!” Sinta o cheiro desta terra Por Jesus abençoada Encravada na Chapada Da mais imponente Serra Do Araripe se descerra O mais perfeito ornato Do verdadeiro retrato Desse Torrão que bendigo; “Ser queres ser meu amigo Não fales mal do meu Crato!” És digna de ser princesa Princesa do Cariri A todos que vêm aqui Abrigas com gentileza Porque só quem tem grandeza Recebe com mimo e tato Simples sem espalhafato Cantando teu nome sigo: “Ser queres ser meu amigo Não fales mal do meu Crato!”
FONTES CONSULTADAS
BASTINHA. Se queres ser meu amigo, não fales mal do meu Crato!. Crato: Academia dos Cordelistas do Crato. Abril, 2003. 8 p.
LUCAS, Alexandre. Bastinha: uma crítica bem humorada. In: CaririCult: arte, cultura e ideias em movimento. [S.l. : s.n.], 19 set. 2013. Disponível em: <http://cariricult.blogspot.com.br/2013/09/bastinha-uma-critica-bem-humorada.html>. Acesso em: 28 mar. 2017.
LUCENA, Bruna Paiva de. Espaços em disputa: o cordel e o campo literário brasileiro. 2010, 88 f. Dissertação (Mestrado em Literatura)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.