Marcus Moraes Accioly (21/01/1943)
Pernambucano, natural da cidade de Aliança, Marcos Accyoly como é conhecido nasceu no Engenho Laureano em 21 de janeiro de 1943. Formou-se em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco e fez mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, onde ingressou como professor de Teoria Literária e Literatura Brasileira na mesma universidade. Seu interesse literário antecede sua formação em literatura e o conduz nesse caminho tornando-o reconhecido por seus escritos que em sua maioria traz as marcas da cultura nordestina sem deixar de lado seus aspectos geográficos expressivamente do sertão nordestino. Tanto que integra o Movimento Armorial que de acordo com Santana tem seu alicerce teórico na obra do escritor paraibano Ariano Suassuna que fundiu elementos da cultura popular do povo nordestino na relação com a literatura clássica. O movimento busca atingir todas as expressões e modalidades artísticas que vão desde a música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões. Tal movimento, ganhou a adesão de inúmeros intelectuais da época, em contraposição a força cultural estadunidense que tendia expandir-se e sufocar nossa brasilidade.
A produção da poética armorial vinculou-se fortemente à produção da literatura de cordel, à moda de viola, a instrumentos como a rabeca, criando uma atmosfera sonora que sustenta o canto dos músicos que seguem tal filosofia, da qual Accioly participou ativamente. Em seus escritos o poeta-escritor tem o Nordeste como tema, compondo poemas em torno de vários eixos regionais, geográficos e culturais do sertão nordestino.
Segundo Fábio Lucas citado por Antônio Miranda Accioly é um […] domador de palavras, dum fascinado de todos os jogos que a boa Retórica, antiga e moderna, oferece aos artífices do encantamento por meio da expressão verbal. Marcus Accioly faz a coreografia de todos os ritmos, pratica as convenções e as audácias de todos os tempos. Nesse sentido vale conferir seu ecletismo poético, por meio do fragmento do cordel GURIATÃ: um cordel para menino
[…]
Do trem-de-ferro
Quem grita na noite?
Não vejo ninguém,
É o eco do grito
Do apito do trem,
É a boca-da-noite
Que grita também,
É o eco do eco
Que ecoa no além.
Quem grita na noite?
Não vejo ninguém,
É o grito da ponte
Debaixo do trem,
É o vento que chora
Por morte de alguém,
é o coro das almas
Que dizem amém.
Quem grita na noite?
Não vejo ninguém,
É a boca-do-túnel
Na frente do trem,
É o grito sem grito
De um eco que vem
Dos montes que aos montes
Ecoam mais cem.
Quem grita na noite?
Em sua trajetória literária, o poeta-escritor recebeu vários prêmios, com destaque para as obras Narciso, Sisifo, Nordestinados, Latiamérica, sendo com Narciso, o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte em 1985; e no mesmo ano e com a mesma obra o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras; Com Sísifo/1976 e Nordestinados recebeu por duas vezes consecutivas o Prêmio Recife de Humanidades, entre outros.
Do ponto de vista de sua atuação ocupou o cargo de vice-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), seção Pernambuco, é ainda membro da Academia Pernambucana de Letras. NO campo público ocupou vários cargos, a exemplo de Coordenador Cultural do Nordeste/ MEC na gestão de Eduardo Portella e também foi Secretário Executivo do Ministério da Cultura, gestão Antônio Houaiss.
Atualmente, prossegue em sua produção literária tendo dez livros inéditos, e contribui para o Jornal do Commercio com artigos de opinião publicados quinzenalmente às quintas-feiras.
FONTES CONSULTADAS
MIRANDA, Antônio. Marco Accioly. In: POESIAS dos Brasis. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_ brasis/pernambuco/marcus_accioly.html>. Acesso em: 10 ago. 2014.
SANTANA, Ana Lúcia. Movimento Armorial. In: INFOESCOLA: navegando e aprendendo. Disponível em: <http://www.infoescola.com/artes/movimento-armorial/>. Acesso em: 10 ago. 2014.