O poeta baiano Franklin de Cerqueira Machado nasceu em Feira de Santana em 15 de março de 1943. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 16 anos (1960), mas só ficou por poucos meses. Foi para Salvador, onde concluiu o curso secundário no Colégio da Bahia. Ficou um ano sem estudar, vindo a graduar-se em Direito, pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e escolheu dedicar-se tão-somente à literatura de cordel a partir de 1975(CORDEL …, 2007; LEITE, 2014; SANTOS; QUEIROZ, 2012).
Retorna para a terra natal em 1966, já bacharel em Direito, quando também publicou seu primeiro livro intitulado Álbum de Feira de Santana (SANTOS; QUEIROZ, 2015).
O autor de A Volta do Pavão Misterioso é assim descrito por Santos e Queiroz: “[…] poeta, dramaturgo, xilógrafo, ator, estudioso de cordel, dentre outras artes, sendo considerado um divisor de águas na literatura de cordel, pois seus folhetos e xilogravuras foram vendidos em todo o Brasil (2012, p. 94)”. Franklin Maxado (ou Maxado Nordestino) teve sua produção estudada pelo especialista em cangaço, Antônio Amaury Corrêa de Araújo (CORDEL …, 2007).
Maxado Nordestino também escreveu sobre o gênero literário popular em três obras, consideradas referências no gênero: O Que É Literatura de Cordel (1980), Cordel, Xilogravura e Ilustrações (1982) e O Cordel Televivo: futuro, presente e passado da literatura de cordel (1984) (SANTOS; QUEIROZ, 2012; TEIXEIRA, 2009).
A convite do jornalista Juarez Bahia, Franklin Machado foi para São Paulo (1971), onde passou quinze anos. Na antiga terra da garoa, trabalhou na redação dos jornais: “Folha de São Paulo, Diário Popular, sucursal de A Tribuna, de Santos, e no Diário do Grande ABC […]” (LEITE, 2014; SANTOS; QUEIROZ, 2012).
Anteriormente, em Salvador, fez parte do Jornal da Bahia (1967), onde foi responsável pela criação da primeira sucursal desse jornal no interior da Bahia e colaborou com o jornal O Pasquim. Em Feira de Santana, fundou a sucursal das Emissoras e Diários Associados (LEITE, 2014; SANTOS; QUEIROZ, 2012).
Ao retornar para a Bahia (1985), Edvaldo Boaventura (secretário de governo) convidou Maxado para trabalhar na TV Educativa, vindo a criar o comentário em cordel, no jornal diário (SANTOS; QUEIROZ, 2012).
Mas o que é o cordel para esse poeta e estudioso da poesia popular? “[…] é poesia; é gráfica; é canto; são as artes plásticas; é música, é teatro; é jornalismo; e é comércio. E ainda é até esporte, pois o poeta carrega sua mala para a feira, e em viagens exercita os músculos” (SANTOS; QUEIROZ, 2012, p. 95 apud MAXADO, 1980, p.124).
De acordo com as pesquisadoras Santos e Queiroz (2015, p. 306), ainda na década de 60, Maxado uniu-se a artistas e intelectuais de Feira de Santana onde atuou no teatro, encenando e escrevendo, e em
[…] 1971 apresentou o espetáculo músico-teatral “Terra de Lucas”, como uma maneira de se despedir de sua cidade, pois havia decidido partir para São Paulo. […].
Na capital paulista, o escritor também se dedicou às questões artísticas, participando de apresentações e recitais, conheceu inúmeros outros artistas em início de carreira, como, por exemplo, Torquato Neto, Belchior, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Mas foi em seu estado de origem que encontrou um artista, o poeta Rodolfo Cavalcante, que, segundo o próprio autor, foi quem o fez ver a possibilidade de se tornar um poeta de cordel. […].
Maxado é autor de inúmeras obras cordelísticas, com centenas de publicações, além de participar de antologias de poetas e publicar livros de poemas eruditos, como Protesto à Desuman-idade (1970), Profissão de Poeta (1988) e Negramafricamente (1995) (SANTOS; QUEIROZ, 2012).
Franklin Maxado usa o próprio nome como mote, como nos mostram Santos e Queiroz (2012, p. 97).
M – aneirei até demais A sua vida de verdade. X – amo atenção para a letra A, de arte, artesidade. D – o criador, esperamos O poder da eternidade
Geraldo Leite, em seu blog Filhos Ilustres da Bahia, descreve o poeta por ele mesmo.
Maxado Nordestino, diz ele, foi meu nome quando me lancei profissionalmente no cordel. Franklin Maxado é meu nome artístico e literário, daí Franklin Machado Nordestino. Em xilogravura assino F. Maxado ou somente F.M. pois diminui o número de letras para cortar na madeira. Maxado para fixar uma marca e Nordestino porque no sul me identificaram como “o nordestino” e isso reafirma minhas origens e cultura (LEITE, 2014).
Referência no gênero, a Editora Hedra organizou uma antologia com cinco de seus trabalhos mais significativos.
FONTES CONSULTADAS
CORDEL – Franklin Maxado. In: HEDRA. [S.l. : s. n.]. [2007?]. Disponível em: <https://www.hedra.com.br/livros/cordel-franklin-maxado>. Acesso em: 10 mar. 2017.