João Ferreira de Lima (03/11/1902 – 19/08/1972)
Nascido ao terceiro dia do mês de novembro de 1902, na pequena cidade de São José do Egito no estado de Pernambuco, João Ferreira de Lima foi autor do mais célebre almanaque popular nordestino, o Almanaque de Pernambuco, lançado em 1936, cuja tiragem anual chegou a ultrapassar 70 mil exemplares. A após a sua morte, em 19 de agosto de 1972 na cidade de Bezerros-PE, o almanaque passou a ser editado por sua filha Berenice. Sua obra não é muito extensa, porém tem qualidade, onde se destacam, pelo menos, dois grandes clássicos da literatura de cordel: Proezas de João Grilo e Romance de Mariquinha e José de Sousa Leão. Além de poeta, ele era astrólogo.
Sobre o folheto As proezas de João Grilo convém ressaltar o seguinte: João Ferreira de Lima o escreveu originalmente em sextilhas, num folheto de 8 páginas, intitulado As palhaçadas de João Grilo. Por volta de 1948, a obra foi ampliada para 32 páginas na tipografia de João Martins de Athayde, pelo poeta Delarme Monteiro. As estrofes que foram acrescentadas são todas em sextilhas, sendo fácil identificar quais são as de autoria de João Ferreira de Lima.
Uma vertente em particular a ser notada na obra de João Ferreira de Lima refere-se à crítica e à sátira social, como se pode observar no folheto As palhaçadas de João Grilo, quando após responder a todas as adivinhas propostas pelo rei, que lhe concederia o benefício de instalar-se no castelo, João Grilo impõe à nobreza valores de caráter moralizante, como podemos constatar nos versos:
“…E então toda a repulsa
transformou-se de repente
o rei chamou-o pra mesa
como homem competente
consigo, dizia João:
na hora da refeição
vou ensinar esta gente“.
E, continua sua lição nos versos que se seguem:
“…Eu estando esfarrapado
ia comer na cozinha
mas como troquei de roupa
como junto com a rainha
vejo nisto um grande ultraje
homenageiam meu traje
e não a pessoa minha…”.
Esse tal João Grilo é a imagem do anti-herói, como Pedro Malazartes, João Malasarte e Pedro Quengo, personagens também abordadas pelos poetas João Martins de Ataíde, Paulo Nunes Batista e Antonio Pauferro da Silva, com As perguntas do rei e as respostas de João Grilo, dentre outros.
Percorreu vários temas da poesia popular, privilegiando as Discussões e Pelejas, publicou Discussão de dois poetas, Antônio da Cruz com Cajarana e Peleja de João Athayíde com João Lima, do qual temos conhecimento de duas edições: uma de Recife, 1921 e outra, de Juazeiro do Norte, Tipografia São Francisco, 1957.
FONTES CONSULTADAS
BIOGRAFIA. [S.l.: s.n.: 20?]. Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JoaoFerreiradeLima_biografia.html>. Acesso em: 22 nov. 2014.
CÂMARA Brasileira de Escritores. [S.l.: s.n.: 20?]. Disponível em: <http://www.camarabrasileira.com/cordel20.htm>. Acesso em: 20 nov. 2014.
SILVA, J. C. Literatura de cordel: um fazer popular a caminho da sala de aula. 2007. 57 f. Dissertação (Mestrado em Letras)- Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-graduação em Letras, João Pessoa, 2007.
TIMBÓ, M. P.; BESSA, A. Z. S. A identidade e representação do Ceará na literatura de cordel: análise dos cordéis o Romance do Pavão Misterioso e As proezas de João Grilo. Revista Investigações, v. 25, n. 1, jan. 2012.