A bonfinense Gilmara Cláudia Silva é cordelista que usa o pseudônimo Anastácia. Natural do município baiano Senhor do Bonfim, amante de cordel, em 2003 começou a versar as histórias da própria vida, e esse verbo próprio a fez adentrar o universo da poesia popular (A VIDA …, [2007?]).
Desfile Quase Afro! Falo de desfile afro Uma ideia até legal Pensando em combater O preconceito racial Mas é preciso atenção Pois a discriminação Se tornou algo normal É um tal de dança afro Como auge musical Concurso até de receitas De comida cultural Mas a tal sociedade Não abandona a maldade Na maior cara de pau O ‘Afro’ virou esporte Programa de televisão Virou até fantasia Para a discriminação Que encarnou no brasileiro Lobo em pele de carneiro Deixe disso meu irmão Minha mãe já me dizia Um provérbio popular Quebra a cara quem não quer A verdade enxergar Tapar o sol com a peneira Pra encobrir a sujeira Para o negro tapear Ninguém mais quer relembrar Do tempo da escravidão De escravo e de senhor De senzala ou capitão Que o negro oprimia De noite e também de dia Naquele velho porão Isso é rixa do passado Dizem os grandes escritores Falemos da beleza afro Ao negro demos louvores Mesmo que hoje em dia Vivam nas periferias Sofrendo os mesmos horrores O Brasil olhando o negro E dizendo: muito bem! Conseguiram apanhar E ficar dizendo amém Hoje ainda explorado Repetindo seu passado Da vida ficando aquém Quero só que fique claro Nos eventos culturais Que afro não é enfeite Para grupos teatrais O negro com atitude Com desfile não se ilude Precisa de muito mais (ANASTÁCIA, 2007)
FONTES CONSULTADAS
A VIDA em cordel. [S.l.: s.n.]. In: Blog a vida em cordel. [2007?]. Disponível em: <http://avidaemcordel.blogspot.com.br/2007/11/contra-o-preconceito.html>. Acesso em: 8 ago. 2017.
ANASTÁCIA. Desfile quase afro. [S.l.: s.n.]. In: Recanto das letras.7 ago. 2007. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/cordel/597421>. Acesso em: 8 ago. 2017.