Apontado como uma dos grandes cordelistas pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), João Rodrigues Amaro, mais conhecido como João Amaro, adotava os pseudônimos de Jotamaro e Mr. Karyakyni (AMARO, 1982).
Segundo informações contidas em texto reproduzido no blog Soldados da Borracha: denúncia, João Rodrigues Amaro é autor do livro Retalhos da Minha Vida e Poesias Populares, onde narra toda dificuldade sofrida na floresta amazônica quando foi recrutado para o exército da borracha.
O cordelista de Sobral, João Amaro, 68, puxou, sem querer, a ponta de um novelo. No começo, o assunto nem era esse. O aposentado mostrava material, dezenas de folhetos de cordéis de sua autoria, para uma matéria sobre os versos fesceninos, veiculada pelo suplemento Sábado.No decorrer da entrevista, no entanto, uma surpresa: a vida de João Amaro se confundia com a de 55 mil nordestinos que formaram, durante a II Guerra Mundial, o Exército da Borracha. (SAGA …, 2014, destaque nosso)
Sabendo que o Ceará foi o centro do recrutamento e transporte dos nordestinos para os seringais, isso reforça a possibilidade de tratar-se do cordelista Jotamaro, que era cearense. Com relação à sua naturalidade, há diferentes fontes com diversificada informação. Na contracapa do folheto As Preces da Velha Vitalina, publicado em 1982, consta que Jotamaro é concidadão de Guajará Cialdini, natural de Sobral, a Princesa do Norte. Na página 52 da tese de Francinete Fernandes de Sousa (2009), consta a informação que João Amaro (Jotamaro) nasceu e morreu em Fortaleza (CE) 1926-1993 (AMARO, 1982; SOUSA, 2009).
As Preces de uma Velha Vitalina Caro amigo Guajará Certo dia fui passando Defronte a uma igreja Vi uma velha rezando E entrei sem ela vê De perto fiquei brexando Talvez uns 60 anos Eu acho que a velha tinha Sua venta era bicuda Modo o bico da galinha Estava usando um colan E uma saia curtinha (AMARO, 1982)
O cordel O Babão, com 8 páginas e 38 estrofes em sextilha, na primeira página podemos ler:
Meu caro e amigo leitor eu vou falar de um ente cujo dito eu considero pior do que uma serpente pois só vive neste mundo para fazer mal a gente. O que induz a mim a fazer este livrinho é a raiva que eu tenho deste sujeito mesquinho que temos como um amigo e o tratamos com carinho. Mas ele não corresponde e trai a nossa amizade pois é um cabra safado que vive só de maldade e só se sente feliz cometendo falsidade Eu estou me referindo ao indivíduo babão o sujeito caboeta bajulador de patrão um cretino que só paga o bem com a ingratidão. (AMARO …, 2013; AMARO; [s;d;])
FONTES CONSULTADAS
AMARO, João. As preces de uma velha vitalina. Fortaleza: [s.n.], 1982. In: Cordelteca. Disponível em: <http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=64616 >. Acesso em: 7 set. 2017.
AMARO, João. O babão. [S.l. : s.n.], [s.d.].
MESTRES do Cordel. [S.l. : s.n.]. In: CECORDEL. 6 jan. 2013. Disponível em: <http://cecordel.blogspot.com.br/2013/01/os-mestres-do-cordel-serie-os-mestres.html>. Acesso em 8 set. 2017.
SAGA dos Arigós: história dos Soldados da Borracha. [S.l. : s.n.]. In: Soldados da borracha: denúncia. 24 jan. 2014. Disponível em: <http://soldadodaborrachadenuncia.blogspot.com.br/2014/01/a-saga-dos-arigos-historia-dos-soldados.html>. Acesso em: 7 set. 2017.
SOUSA, Francinete Fernandes de. A mulher negra mapeada: trajeto do imaginário popular nos folhetos de cordel. 2009. 254 f. Tese (Doutorado em Letras)- Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009.