Anna Célia Motta é professora de literatura e línguas em São Paulo e se autointitula “paulistana de mineirices” por ser contadora de “causos”. Por meio de histórias, ela nos convida a entrar no seu mundo encantado, amante do cotidiano, da vida rica em detalhes e sabedoria. Desfruta da família, dos alunos e das coisas belas da vida, como Monet e boas leituras (MOTTA, [2012?]).
Se os “causos” dão asas à alma, sua linguagem poética de classe temática religiosa nos faz “cirandar”.
Ciranda do diabo
Deus nos deu a vida.
Mas o diabo veio atrás.
E nos deu a dura lida.
Então na pressa,
Nem percebemos e
A trocamos,
pelas filas,
pela moeda bandida,
e
Viramos vítimas
dos assaltos,
da violência,
do desafeto,
e desamor,
do incesto
e pedofilia,
das injúrias,
do destemor,
das celas encardidas,
do cansaço,
e da preguiça,
da sede
e fome,
da distração,
do sossego,
da descrença,
da solidão,
da impaciência
e revolta,
da cegueira,
da vaidade,
do descaso,
do egoísmo,
do superego,
dos excessos
de um lado,
da escassez
do outro,
da falta de boa vontade,
pela morte do amor.
Para a alegria do capeta
que sentado está.
Esperando que o povo todo
Logo venha a se lascar.
E ele esperto e enganador,
Os cacos venha apanhar.
Mas o caboclo
muito astuto,
A solução foi procurar.
Na luz divina
que a todos pode salvar.
(MOTTA, 2015)
FONTES CONSULTADAS
MOTTA, Anna Célia. Perfil. [S.l. : s.n.]. In: Recanto das letras. [2012?]. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=113253>. Acesso em: 8 ago. 2017.
MOTTA, Anna Célia. Ciranda do diabo. [S.l. : s.n.]. In: Recanto das letras. 28 mar. 2015. Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/cordel/5186391>. Acesso em: 8 ago. 2017.