Augusto Laurindo Alves usava o codinome de Trovador Cotinguiba ou apenas Cotinguiba. Natural de Propriá (SE), nasceu a 5 de fevereiro de 1903 e seus pais se chamavam Manuel Laurindo Alves e Galdina Pinheiro Alves e residiam à Praça da Bandeira, 47 (LITERATURA …, 1986).
O Trovador Cotinguiba obteve o 98º lugar, com menção especial, no concurso realizado para homenagear o poeta, músico e compositor Catulo da Paixão Cearense, que compôs em parceria com João Pernambuco (1914) a famosa canção Luar do Sertão. O resultado do concurso foi publicado em 12 de março de 1973, em Salvador, com responsabilidade editorial de Rodolfo Coelho Cavalcante, publicado com 100 glosas dos poetas concorrentes, com o mote:
Catullo nasceu brilhando
Como o “Luar do Sertão”.
Assim glosou Cotinguiba:
Arranquei no meu roçado Do bisaco de repente Uma rima consciente, Alegria do meu fado ... Do mote cadenciado Para enaltecer PAIXÃO Com a melhor convicção Vou sair assim cantando: Catullo nasceu brilhando Como o "Luar do Sertão". (ALVES, 1976)
Nos dados biográficos registrados na contracapa de Alves (1976), podemos ler:
Possuidor de físico avantajado, jamais se furtou a trabalhos pesados; dedicou-se também a vários ramos de comércio e atualmente, em sua cidade natal, fabrica doces e exerce outras atividades. Poeta lírico e é autor de inúmeros sonetos e de poemas sobre vários assuntos, entre os quais se destaca O Rio São Francisco. Em prosa, escreveu Átomos de minha vida, além de muitos cordéis.
O autor de Ímpetos do realismo (1962) escreveu o cordel Tubiba, o desordeiro e A mulher de Tubiba, o desordeiro:
TUBIBA, O DESORDEIRO Tubiba nasceu falando, Num dia de sexta-feira, Com dez dias caminhou - Assim me disse a parteira. Com sete anos de idade, Chegava em qualquer cidade, Desmanchava qualquer feira. O seu pai era um ferreiro, Chamado Manoel Simão, A mãe dele se chamava Dona Francisca Gibão. Por causa de uma panela, O Tubiba foi a ela Pra cortá-la de facão. O pai de Tubiba disse: - Não posso mais suportar O destino desse monstro - Já quis até me matar! É favor sair de casa, Se não eu toco-lhe a brasa! Você tem que se acabar! (ALVES, 1976, p. 3) A MULHER DE TUBIBA, O DESORDEIRO Na história de Tubiba, Por um engano qualquer, O escritor se esqueceu De contar no seu mister Como, em batalha medonha, Tubiba encontrou Pitonha, Para ser sua mulher. Tubiba sempre dizia, Que mulher era um enguiço - Assim, tantas encontrasse, Como ia dando sumiço. Um dia caiu na vaia, Porque encontrou a saia Que quebrou o seu feitiço. A mulher sempre aparece Na vida do cangaceiro, Como Pitonha, que veio Acompanhando o roteiro De uma existência sofrida, Para figurar na vida De Tubiba, o desordeiro. Das mulheres que já vi, Essa foi a mais danada! Um dia, pegou a mãe Para matá-la enforcada. Como nada conseguiu, Deixou a velha e fugiu Pelo mundo, esfarrapada. (ALVES, 1976, p. 3)
FONTES CONSULTADAS
ALVES, Augusto Laurindo, 1903. Átomos de minha vida. Propriá: Imp. Guarani, 1956.
ALVES, Augusto Laurindo. Ímpetos do realismo. Propriá: [s.n.], 1962.
ALVES, Augusto Laurindo. Lampião, o maior dos bandoleiros = Lampião, o maior dos bandoleiros.Propriá: Augusto Laurindo, [196-?].
ALVES, Augusto Laurindo. Tubiba, o desordeiro: A mulher de Tubiba, o desordeiro: A rainha que quis desfazer no que Deus fez. São Paulo: Luzeiro, 1976. 32 p. : 141 estrofes : sextilhas : 7 sílabas. (Coleção Luzeiro).
LITERATURA popular em verso: antologia. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986. Coleção reconquiste o Brasil. Nova série; v. 95.